(Reuters) – Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, disse nesta sexta-feira que recorreu a uma “metáfora” quando disse em entrevista ao jornal O Globo que havia propostas de decretos golpistas, como o apreendido pela Polícia Federal na residência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, “na casa de todo mundo”.

Em entrevista à CNN Brasil, Costa Neto saiu diversas vezes em defesa de Bolsonaro, afirmando que ele não fez nada fora da lei, e disse que recebia nas ruas e em aeroportos documentos com propostas para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Eu até usei uma metáfora ao dizer que todo mundo tinha isso dentro de casa. Porque isso era um negócio que corria dentro do governo o pessoal comentando ‘olha, recebi uma proposta aqui’. Eu recebia e moía. O Anderson não fez isso. Deve ter acontecido com ele”, disse ele à emissora.

“Nunca o Bolsonaro tocou nesse assunto comigo. Eu uma vez toquei neste assunto com ele. Falei ‘Bolsonaro, tudo o que for feito precisa ser feito dentro da lei, porque tudo o que você fizer que não atenda a lei, o que vai acontecer? Nós vamos ter todos os países contra nós, a nossa economia vai para o espaço e o governo junto’. Ele falou ‘não, Valdemar, esquece, eu não vou fazer nada fora da lei’.”

Na entrevista ao jornal, o dirigente partidário afirmou que Bolsonaro não buscou dar um golpe para impedir a posse de Lula porque “não viu maneira de fazer”.

Na entrevista à emissora, por sua vez, buscou esclarecer a fala ao dizer que Bolsonaro jamais cogitou dar um golpe.

“(Bolsonaro) nunca pensou nisso. Golpe não! Nunca, jamais! Porque senão teria feito, e teria feito uma grande besteira, porque não tem como isso dar certo. Já foi o tempo em que isso dava certo”, disse.

“Não estou fazendo isso para defender ninguém, estou fazendo isso para o nosso pessoal entender que, se o Bolsonaro pudesse fazer alguma coisa dentro da lei, ele faria. Não golpe, aí é fora da lei. Então ele não fez porque era contra a lei”, afirmou.

FORTE EM 2026

Valdemar Costa Neto disse também que o ex-presidente será muito forte se tentar conquistar o comando do Planalto novamente em 2026, mas será mais forte ainda se não for candidato e apoiar um outro nome.

“O Bolsonaro, se for candidato será um fortíssimo candidato. Se ele não for candidato, ele vai ser mais forte ainda, porque esse movimento de direita veio para ficar”, disse o presidente do PL.

“Então se tiver um outro candidato com o Bolsonaro apoiando, ele não traz a rejeição dele… O camarada não quis votar nele (em 2022) porque odiava o Bolsonaro e votou no Lula, porque não tinha outra opção. Então ele apoiando outro candidato, nós seremos imbatíveis na próxima eleição”, acrescentou.

O presidente do PL reconheceu que durante a pandemia Bolsonaro “errou demais”, assim como no início de seu governo.

“O Bolsonaro teria ganho a eleição no primeiro turno se não tivesse errado tanto no primeiro ano e meio. Ganharia no primeiro turno com tranquilidade.”

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito no presidente no segundo turno, com 50,9% dos votos válidos, contra 49,1% de Bolsonaro –uma diferença de pouco mais de 2 milhões de votos.

Valdemar citou o nome da mulher de Bolsonaro e ex-primeira-dama, Michelle, como possível candidata à Presidência, caso o ex-presidente decida não tentar novamente, assim como dos governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

“Acho que o Zema é um candidato forte para daqui a quatro anos, assim como acho que o Tarcísio pode ser um candidato fortíssimo”, disse, acrescentando que as portas do PL estão abertas caso o governador mineiro queira se filiar à legenda.

O presidente do PL disse também que conta com Bolsonaro em Brasília para fortalecer o partido. O ex-presidente se encontra nos Estados Unidos, para onde viajou na véspera do fim de seu mandato, no final de dezembro.

 

(Por Eduardo Simões, em São Paulo)

 

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