O presidente do Níger, Mohamed Bazoum, foi detido por membros da Guarda Presidencial (GP) nesta quarta-feira (26), em uma tentativa de golpe de Estado condenada por países africanos, UE e Estados Unidos.

Segundo uma fonte próxima à Presidência, que pediu anonimato, “depois de algumas negociações, a Guarda Presidencial recusou-se a libertar o presidente e o exército deu um ultimato”, provocado pelo “impulso” dos membros da guarda presidencial, que bloquearam o acesso à Presidência, na capital Niamey.

Outra fonte próxima ao presidente Bazoum, no poder desde abril de 2021, disse à AFP que a tentativa de golpe estava “destinada ao fracasso”.

A Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) confirmou a “tentativa de golpe de Estado” e manifestou o seu “espanto e preocupação”, exortando “os autores deste ato a libertarem imediata e incondicionalmente o Presidente da República democraticamente eleito”.

O presidente do vizinho Benin, Patrice Talon, viajará para Niamey para tentar realizar a mediação entre a guarda presidencial e Mohamed Bazoum, anunciou o presidente nigeriano, Bola Tinubu.

No final da tarde, a guarda presidencial dispersou com tiros de advertência manifestantes favoráveis ao presidente Bazoum, verificou um jornalista da AFP. Os manifestantes tentaram se aproximar da presidência, onde o governante está preso.

Em uma mensagem publicada no Twitter, agora renomeado X, posteriormente apagada, a Presidência do Níger indicava que “elementos da Guarda Presidencial (GP) […] tentaram, em vão, obter o apoio das forças armadas nacionais e da guarda nacional”.

“O exército e a Guarda Nacional estão dispostos a atacar os elementos da GP envolvidos” caso não mudem de postura, acrescentou a Presidência, que destacou que tanto Bazoum como a sua família “estão bem”.

A União Africana (UA) condenou a “tentativa de golpe de Estado” e pediu o “retorno imediato e incondicional dos militares traidores aos seus quartéis”.

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, também manifestou a sua rejeição e disse estar “muito preocupado”, afirmando que o bloco “condena qualquer tentativa de desestabilizar a democracia e ameaçar a estabilização do Níger”.

A França, que tem 1.500 soldados no Níger, condenou “toda tentativa de tomar o poder pela força”.

E os Estados Unidos pediram aos membros da guarda presidencial “que libertem o presidente Bazoum e se abstenham de toda violência”, indicou o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.

Várias partes do Níger, um país do Sahel, estão reféns da violência jihadista.

Desde que se tornou independente da França em 1960, diversas tentativas de golpes de Estado foram produzidas no país. Quatro deles foram exitosos, sendo o último em fevereiro de 2010, quando o presidente Mamadou Tandja foi deposto.

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