Presidente do México submete sua reforma do setor elétrico ao voto dos deputados

Presidente do México submete sua reforma do setor elétrico ao voto dos deputados

Dia de alta tensão para o presidente de esquerda do México, Andrés Manuel López Obrador: os deputados mexicanos iniciaram neste domingo (17) a discussão de sua emblemática reforma constitucional do setor elétrico, rejeitada pelos Estados Unidos e pelo bloco de oposição.

“Com um quórum de 488 deputados, o plenário da Câmara dos Deputados deu início à sessão de hoje em que será discutida a iniciativa do presidente”, confirmou à AFP o departamento de Comunicação Social da câmara legislativa.

Uma semana depois da “consulta de revogação” do seu mandato, na qual saiu vitorioso, embora com forte abstenção, López Obrador não tem a maioria qualificada de dois terços dos deputados, necessária para a aprovação desta reforma que daria ao Estado um maior controle do setor elétrico.

O partido oficial Morena e seus aliados têm apenas 277 cadeiras de um total de 500 e o bloco de oposição já disse que votará contra a reforma.

O presidente mexicano minimizou a importância de um possível retrocesso parlamentar de sua reforma constitucional para o setor elétrico.

Na semana passada, o Supremo Tribunal confirmou uma lei que o Congresso aprovou em 2021, que reforça a participação do Estado no setor elétrico.

“Se houver uma traição, já estamos protegidos”, disse o presidente na última terça-feira, referindo-se à decisão judicial.

A reforma constitucional que está sendo discutida neste domingo estabelece que pelo menos 54% da energia seja gerenciada pela Comissão Federal de Energia Elétrica (CFE), contra 38% que ela administra atualmente e 62% em mãos privadas.

Se rejeitada em plenário, “representaria uma grande derrota para Morena e López Obrador porque é um dos eixos centrais de seu projeto: nacionalizar a energia”, disse à AFP José Antonio Crespo, do Centro de Pesquisa e Ensino Econômico (CIDE).

Os Estados Unidos alertaram que “contenciosos sem fim” podem ser desencadeados se a reforma for aprovada, o que em sua opinião prejudica os investimentos privados americanos no México.

Para Washington, a mudança nas regras do jogo – com “regulamentos retroativos” – “gera insegurança jurídica e prejuízos que afetam o clima de investimentos”.

A emenda também preocupa a Espanha com a presença da Iberdrola no México.

Alguns juristas consideram que mesmo assim poderia haver recursos perante o painel de controvérsias do acordo comercial T-MEC dos Estados Unidos, Canadá e México.

O debate deverá ser extenso e a votação poderá ocorrer na manhã desta segunda-feira, já que pelo menos cem parlamentares falarão na tribuna, segundo a imprensa mexicana.