Presidente do México pede aos EUA ‘relatório completo’ sobre a prisão de líderes do cartel de Sinaloa

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, pediu nesta sexta-feira (26) aos Estados Unidos um “relatório completo” sobre a prisão na quinta de dois líderes do cartel de Sinaloa, incluindo seu cofundador, Ismael “El Mayo” Zambada, em uma operação da qual as autoridades mexicanas não participaram.

“O governo dos Estados Unidos tem que fornecer um relatório completo, não são apenas declarações gerais, é necessário informar, deve haver transparência”, destacou o mandatário mexicano em sua habitual coletiva de imprensa matinal.

A captura de Zambada e de Joaquín Guzmán López, um dos filhos do detido Joaquín “El Chapo” Guzmán, que ocorreu no Texas após uma audaciosa operação de infiltração, representa um dos golpes mais duros contra o poderoso grupo criminoso mexicano.

López Obrador rejeitou que haja “desconfiança” de seu governo em relação à operação das autoridades americanas para capturar Zambada, mas lembrou que sempre pediu “respeito”.

Ele também destacou que, seja qual for a decisão do chefe do cartel de se entregar ou ser capturado, sua detenção “significa um avanço importante no combate ao narcotráfico”.

Anteriormente, a ministra da Segurança, Rosa Icela Rodríguez, reconheceu que o governo mexicano não participou da operação e que, até o momento, desconhece todos os detalhes da prisão, anunciada no dia anterior pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

“Esperamos o comunicado oficial (…) se foi captura, se foi entrega, o que exatamente aconteceu. Isso é parte do que o governo dos Estados Unidos terá que esclarecer”, acrescentou Rodríguez.

– “Existe um trabalho conjunto” –

Apesar disso, López Obrador insistiu que o golpe desferido contra o cartel, apontado pelos Estados Unidos como um grande responsável pela fabricação e tráfico de fentanil, é prova da cooperação entre as duas nações.

“Acredito que isso é uma demonstração de que há um trabalho conjunto, mesmo que neste caso específico não tenham participado nem o Ministério da Defesa nem o Ministério da Marinha”, afirmou o mandatário de esquerda.

A ministra Rodríguez também informou que o procurador-geral do México, Alejandro Gertz, conversou na quinta-feira com seu homólogo americano Merrick Garland e garantiu que “tiveram uma boa comunicação”.

A embaixada dos Estados Unidos no México forneceu o primeiro relatório sobre a prisão ao Ministério da Segurança na quinta-feira às 15h30 locais (18h30 de Brasília), por telefone, precisou Rodríguez.

Os dois líderes do cartel foram presos quando seu avião particular aterrissou no Texas, do lado americano da fronteira com o México, de acordo com meios de comunicação americanos que citam fontes policiais.

Joaquín Guzmán López, filho do famoso narcotraficante “El Chapo”, havia convencido Zambada a embarcar em um avião supostamente com destino ao sul do México, mas a aeronave se dirigiu para o norte e aterrissou em El Paso, nos Estados Unidos, segundo a Fox News.

O filho de “El Chapo” atraiu “El Mayo” para o avião “com falsas desculpas”, indicaram funcionários americanos citados pelo jornal The New York Times.

Guzmán se entregou e “El Mayo” foi preso, acrescentou um jornalista da Fox News na rede social X.

A justiça americana os acusa por seu suposto papel na produção e tráfico de fentanil, um potente opioide sintético e “a ameaça de drogas mais mortal” que o país “já enfrentou”, precisou o ministro da Justiça.

jla/db/aa/yr/dd/jb/aa