O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, defendeu nesta sexta-feira sua política de segurança, depois que os Estados Unidos alertaram que uma escalada recente dos ataques do narcotráfico afetava os investimentos no país.

Sem se referir diretamente às declarações feitas ontem pelo embaixador dos Estados Unidos no México, Ken Salazar, o presidente de esquerda se gabou de sua estratégia para reduzir a violência sem entrar em uma guerra aberta com o crime organizado.

“Diziam que não poderíamos com os homicídios, mas aqui estamos. Diziam que a estratégia não servia”, disse López Obrador em coletiva de imprensa na cidade de Tijuana, uma das afetadas pelos atentados, na fronteira com os Estados Unidos.

Salazar manifestou preocupação com os atentados que deixaram uma dúzia de mortos e lojas incendiadas, e advertiu que essa situação “esfria” os investimentos dos Estados Unidos e de outros países no México. Para o embaixador, a segurança está acima do acordo comercial entre México, Estados Unidos e Canadá, o T-MEC.

López Obrador insistiu em que as ações da semana passada em vários estados mexicanos obedecem a uma “exibição de propaganda” dos criminosos diante dos golpes que autoridades lhes desferiram.

Sob o lema “Abraços, não balas”, o líder mexicano mira em uma política baseada no ataque à pobreza, à desigualdade e à falta de oportunidades para os jovens como causas estruturais da violência, o que lhe valeu críticas da oposição e de especialistas.

Segundo um relatório apresentado na conferência presidencial, os crimes comuns diminuíram mais de 30% desde o início do governo López Obrador, em dezembro de 2018, enquanto os homicídios dolosos caíram 12,8%.

Devido à onda de ataques, os Estados Unidos emitiram alertas de segurança para seus funcionários nas zonas afetadas. Também reforçaram os alertas de viagem, desaconselhando seus cidadãos a visitarem seis distritos mexicanos.

“Quantos atos de violência lamentáveis ocorrem nos Estados Unidos, agressões, tiroteios! Enviamos nossos avisos, advertências, aos mexicanos para que não viajem a determinados estados americanos? Não!”, criticou López Obrador, acusando seus adversários de tentarem criar uma percepção falsa de que “o país está pegando fogo”.

O presidente mexicano afirmou que segue sem viajar em carros blindados ou com escolta: “Não tenho nada a temer, sinto-me muito seguro na Baja Califórnia e em todo o país.”