O presidente libanês, Michel Aoun, reúne-se com autoridades de segurança nesta segunda-feira (20), depois de um fim de semana de confrontos entre policiais e manifestantes que deixaram mais de 500 feridos em Beirute.

No sábado e no domingo, o Batalhão de Choque lançou balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio, além de ativar seus canhões de água contra manifestantes reunidos na entrada de uma avenida que leva ao Parlamento.

Os manifestantes atiraram pedras e soltaram rojões contra uma barreira montada pela polícia para bloquear a avenida.

Pelo menos 546 pessoas, entre manifestantes e membros das forças de segurança, foram feridas nos choques de sábado e de domingo no centro de Beirute, segundo a Cruz Vermelha libanesa e a defesa civil.

A violência foi particularmente virulenta no sábado à noite, com 377 feridos. Esses incidentes foram os mais graves desde 17 de outubro, quando começaram os protestos contra a classe política, considerada corrupta e incompetente em um contexto de crise econômica.

Em reação, o presidente Michel Aoun anunciou no Twitter que se reúne hoje com os ministros da Defesa e do Interior, assim como com altos responsáveis da Polícia e do Exército.

De acordo com a agência oficial de notícias ANI, o objetivo é “discutir melhorias no plano de segurança e medidas para preservar a estabilidade e a calma no país”.

– “Violência excessiva” –

No fim de semana, o elegante centro de Beirute ficou envolto por uma espessa fumaça de gás lacrimogêneo e se ouvia o som das sirenes de ambulância. Os manifestantes corriam para escapar da polícia e logo voltavam a se reunir.

A Defesa Civil anunciou ter dado atenção médica a pessoas com “dificuldades respiratórias” e “ferimentos leves”.

No Twitter, as forças de segurança pediram aos manifestantes que não “atacassem” a Polícia.

ONGs e defensores dos direitos humanos denunciaram, porém, o uso excessivo da força.

A Human Rights Watch (HRW) acusou a polícia de ter “disparado bala de borracha, apontando para os olhos” daqueles que protestavam nas ruas. As ONGs garantem que a “maioria” dos manifestantes foi vítima de “violências excessivas” e que alguns sofreram ferimentos “na cabeça, no rosto, ou nos órgãos genitais”.

Advogados também constataram nos hospitais feridas no rosto, ou na cabeça, de manifestantes provocadas por balas de borracha.

As manifestações cresceram nas últimas semanas pela piora da situação socioeconômica e pela incapacidade das autoridades para formar governo, mais de dois meses depois da demissão do primeiro-ministro Rafic Hariri. Ele foi substituído por Hassan Diab, em 19 de dezembro passado.