Eleito em setembro o novo presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês), o brasileiro Andrew Parsons chegou nesta quarta-feira à Cidade do México para acompanhar os últimos dias de disputa dos Mundiais Paralímpicos de Natação e Halterofilismo, que foram iniciados no último sábado e se encerrarão respectivamente nesta quinta e sexta.

Ainda se adaptando ao importante cargo que assumiu, o dirigente parabenizou pessoalmente o nadador afegão Mohammad Abas Karimi, que mora nos Estados Unidos e se tornou o primeiro refugiado a conquistar uma medalha em um Mundial Paralímpico. O jovem de 20 anos conquistou no último final de semana a medalha de prata da prova dos 50 metros borboleta na classe S5 na competição que está ocorrendo na Piscina Olímpica Francisco Marquez, onde Parsons conversou com o paratleta do Afeganistão a poucos metros das balizas de largada antes de atender aos jornalistas.

O novo líder do IPC acompanhou algumas provas realizadas pela manhã no local, onde viu Daniel Dias ganhar a sua quinta medalha de ouro neste Mundial Paralímpico e a 29ª ao total em suas participações na competição, na qual o Brasil atingiu 27 pódios e já garantiu a melhor campanha em uma edição do evento.

Mas, antes de falar sobre o astro brasileiro, o dirigente comentou sobre a importância da histórica prata conquistada por Karimi, que não tem os dois braços e obteve um feito raro ao triunfar como membro do time de refugiados após iniciar uma improvável carreira como nadador paralímpico.

Sem se sentir seguro no Afeganistão por causa das guerras que afetam há tempos o país, Karimi vive desde o ano passado nos Estados Unidos, onde mora na casa de um amigo, depois de ter começado a sua trajetória como nadador paralímpico em Cabul, a capital afegã.

Ao ser questionado sobre o peso que a medalha de Karimi teve para o esporte paralímpico, Parsons ressaltou: “Acho que representa algo além do esporte. É lógico que ele está treinando nos Estados Unidos como qualquer atleta. Estava conversando com ele sobre como ele pode ajudar, inclusive no treinamento dele. Mas acho que é uma mensagem de paz, é uma mensagem de uma história de alguém que tem só 20 anos, que já passou por tanta coisa e não vê a família há quatro. É uma mensagem, principalmente, hoje sobre o que o esporte pode fazer pelas pessoas. Sobre o poder que o esporte tem de unir as pessoas que têm a mesma filosofia e veem o mundo da mesma forma”.

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Parsons também falou sobre a complicada situação civil do nadador afegão e prometeu que o IPC fará o que estiver dentro de seu alcance para ajudá-lo. Mas o dirigente lembrou que esta não é apenas uma questão esportiva, mas também diplomática.

“Uma das coisas que eu estava falando com ele (Karimi) é que temos um ótimo relacionamento com o USOC Paralympics, que é a divisão paralímpica do Comitê Paralímpico dos Estados Unidosa. Vamos conversar com eles para saber sobre como podem ajudá-lo. Não é só o Comitê Paralímpico Internacional que tem que ajudar, tem de ser um esforço de todos. Também tem que ajudar o comitê paralímpico em que ele estiver e também ajudar a outros refugiados (que praticam esportes adaptados de alto rendimento)”, afirmou o dirigente ao ser perguntado sobre o assunto à reportagem do Estado.

Já ao comentar sobre mais um feito de Daniel Dias e sobre recorde de medalhas atingido pelo Brasil nesta quarta-feira ao contabilizar 27 pódios neste Mundial, Parsons destacou: “Como brasileiro, eu fico muito feliz, isso mostra que o trabalho que foi feito antes de mim, enquanto eu estive lá e depois está sendo bem feito. O que menos importa não é quem está à frente, mas como está sendo conduzido o trabalho.”


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