O presidente do banco Credit Suisse, Antonio Horta Osório, se demitiu menos de um ano depois de assumir o cargo após revelações de que desobedeceu as normas de quarentena para conter o coronavírus.

A renúncia de Horta Osório foi efetivada de forma imediata, informou na noite de domingo o segundo maior banco da Suíça, que tinha iniciado uma investigação sobre a conduta do executivo.

A instituição informou que o diretor português será substituído por Axel Lehmann, membro do conselho administrativo, que se somou à gerência no início de outubro, após uma assembleia-geral extraordinária.

Para formalizar sua presidência, o conselho administrativo vai propor sua candidatura na próxima junta geral, prevista para 29 de abril.

Horta Osório deixa o cargo apenas oito meses e meio após assumi-lo.

Ele foi eleito em 2021, quando o banco foi afetado pela quebra da financeira britânica Greensill e a implosão do fundo americano Archegos.

Horta Osório tinha prometido voltar a colocar a gestão de risco no centro da cultura corporativa do banco.

O banqueiro português chegou à direção com uma reputação sólida por ter conseguido dar uma repaginada no banco britânico Lloyd’s.

– Problema de “credibilidade” –

Mas, em dezembro, sua gestão foi afetada pelas revelações na imprensa de que violou as normas da quarentena.

Horta Osório se desculpou, mas na ocasião surgiram novas revelações de transgressões às regras anticovid.

Em 26 de novembro, a Suíça adotou uma quarentena de dez dias para as pessoas provenientes de países onde se sabia que a variante ômicron tinha sido detectada, uma medida que afetou o Reino Unido.

Segundo o jornal Blink, Horta Osório viajou para a Suíça procedente do Reino Unido em um jato privado e pediu às autoridades se poderia ser eximido da quarentena.

Apesar de seu pedido ter sido negado, o executivo embarcou em um avião com destino à península ibérica e depois viajou a Nova York, para participar de um conselho de administração.

Para Michael Foeth, analista do banco privado Vontobel, estas revelações criam um “problema de credibilidade” para um dirigente que pôs a responsabilidade e a prestação de contas no centro de um processo de transformação do banco.

Lehmann é um ex-alto executivo do UBS, banco concorrente do Credit Suisse, e também passou parte de sua carreira na Zurich Insurance, onde trabalhou por quase 20 anos.

“Fixamos o rumo correto com a nova estratégia e vamos continuar incorporando uma cultura sólida sobre o risco da instituição”, declarou Lehmann.

O novo presidente assegurou o cumprimento do “plano estratégico”, atendo-se ao calendário e de “forma disciplinada e sem distrações”, o Credit Suisse vai demonstrar sua fortaleza renovada e seu enfoque de negócios para gerar valores sustentáveis para os acionistas.