SANTIAGO DO CHILE, 17 NOV (ANSA) – O Senado do Chile rejeitou na noite desta terça-feira (16) o impeachment do presidente Sebastián Piñera, acusado de conflito de interesses na venda de um projeto de mineração por meio de um paraíso fiscal.
O escândalo foi revelado pela investigação jornalística conhecida como “Pandora Papers” e representou mais um golpe na popularidade do mandatário, que deixará o cargo em março de 2022, provavelmente sem conseguir fazer seu sucessor.
O processo de impeachment havia sido aberto na semana passada pela Câmara dos Deputados, mas o Senado absolveu o presidente, já que a oposição não conseguiu obter o apoio mínimo de 29 dos 43 membros da casa.
Os “Pandora Papers” revelaram que a família Piñera vendeu a mineradora Dominga para um amigo do presidente, Carlos Alberto Délano, por meio de uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas.
Além disso, o contrato continha uma cláusula que condicionava o pagamento da terceira e última prestação ao fato de o local onde fica a mineradora não ser declarado “santuário da natureza”, decisão que se confirmou no primeiro governo Piñera.
Para a oposição, o mandatário infringiu a Constituição e comprometeu a honra da nação. A primeira acusação foi rejeitada com 24 votos a favor, 18 contra e uma abstenção; e a segunda, por 22 a favor, 20 contra e uma abstenção.
“Acredito que cumprimos a tarefa que o presidente nos encarregou, no sentido de demonstrar que a acusação carece de qualquer mérito. Demonstramos que o presidente e sua família não cometeram nenhuma irregularidade”, disse o advogado Jorge Gálvez, responsável pela defesa de Piñera.
A votação ocorreu a apenas cinco dias do primeiro turno das eleições presidenciais de 21 de novembro, que têm como favoritos José Antonio Kast, de extrema direita, e Gabriel Boric, de esquerda, enquanto o candidato do governo, Sebastián Sichel, não conseguiu decolar. (ANSA).