O Banco Central Europeu (BCE) estendeu hoje a sua orientação futura de manter os juros básicos inalterados para “ao menos até o fim do primeiro semestre de 2020”, mas o que virá depois disso está em aberto. O presidente da instituição, Mario Draghi, afirmou repetidas vezes durante a sua entrevista coletiva que as taxas podem ser cortadas se o conselho julgar necessário.

A ata da reunião encerrada hoje pelo BCE na Lituânia só será divulgada daqui a algumas semanas, mas o italiano já adiantou que, durante as deliberações, “diversos membros trouxeram à tona a possibilidade de cortes das taxas” de juros e que ficou “claro” como o conselho está de “prontidão” para agir no caso de “contingências adversas”.

Segundo o chefe da autoridade monetária do euro, discutiu-se “longamente” sobre se os efeitos das taxas de juros negativas e da extensão da orientação futura sobre a lucratividade dos bancos estavam a ponto de abafar a concessão de crédito, mas a conclusão tirada foi a de que ainda há “espaço” para ajustar a política monetária.

A decisão anunciada hoje, garantiu Draghi, foi unânime.

Questionado por um repórter sobre se era correto dizer que a orientação futura está pendendo para um viés de alta dos juros, ele foi direto: “Não.”

Após tornar públicas revisões das projeções da equipe de economistas do BCE para a zona do euro, Draghi garantiu não ver sinais de que as expectativas de inflação estejam desancoradas. “As expectativas com base em levantamentos seguem ancoradas a longo prazo, em 1,6% ou 1,7%”, defendeu.

O italiano admitiu que as condições financeiras na zona do euro se tornaram “mais apertadas” desde a última reunião do BCE, em abril, mas fez uma ressalva: “As atuais condições não são nem sequer comparáveis às de cerca de sete anos atrás”, disse, referindo-se a quando lançou o programa de compras de ativos conhecido como afrouxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês) sob o mote de fazer “tudo o que for preciso” para salvar o euro.

Essa tarefa, esclareceu Draghi, não cabe apenas aos bancos centrais. “Todos os países da zona do euro precisam reforçar seus esforços por uma composição das finanças públicas mais amigáveis ao crescimento”, pediu o presidente do BCE.