O presidente do Banco Mundial, David Malpass, tentou responder nesta quinta-feira (22) as críticas de ONGs especializadas no combate ao aquecimento global, que o acusam de ser cético em relação às mudanças climáticas por se recusar a responder a uma pergunta sobre combustíveis fósseis.

“Está claro que as emissões de gases de efeito estufa são causadas pelo homem, em particular pelo uso de combustíveis fósseis, e estamos trabalhando para mudar isso”, disse Malpass à rede CNN International.

No início desta semana, o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore acusou Malpass de ser um “cético das mudanças climáticas”, afirmando que não conseguiu melhorar o financiamento de projetos de mudanças climáticas nos países em desenvolvimento.

“Não sou cético (em relação às mudanças climáticas)”, insistiu Malpass, considerando que pode ter ficado “confuso” por nem “sempre ser bom em responder perguntas”.

Na quarta-feira, o responsável da instituição internacional foi interrogado em uma mesa-redonda dedicada ao financiamento da luta contra a mudança climática. Malpass se recusou a dar uma resposta.

“Você aceita o consenso científico de que o uso de combustíveis fósseis superaquece perigosa e rapidamente o planeta?”, perguntou o moderador do evento, a quem o chefe do Banco Mundial se negou a responder.

Depois de várias perguntas para saber se ele reconhecia o fato de que os combustíveis fósseis tinham um impacto real no aquecimento global, finalmente, sob pressão do público, Malpass declarou que não sabia.

“Não sou cientista”, justificou-se Malpass, preferindo destacar o “enorme esforço” feito pelo Banco Mundial para ajudar os financiamentos contra as mudanças climáticas.

Organizada pelo jornal The New York Times, a mesa-redonda aconteceu em meio à Semana do Clima, em Nova York, à margem da Assembleia Geral da ONU.

O comentário de Malpass provocou inúmeras reações de ONGs especializadas, que solicitaram sua demissão.

“O Banco Mundial não pode ser administrado por um cético (das mudanças) climáticas. O presidente (Joe) Biden e a diretoria da instituição devem demiti-lo imediatamente”, disse Luisa Galvão, da Associação Amigos da Terra, em um comunicado.

“Com Malpass no comando, o Banco Mundial não pode ser confiável como um aliado do desenvolvimento sustentável”, criticou Bronwen Tucker, da Oil Change International.

Considerado partidário do ex-presidente americano Donald Trump, que propôs sua candidatura, Malpass foi eleito presidente do Banco Mundial em abril de 2019.