A sexta-feira foi de explicações no Atlético Mineiro. O presidente Sérgio Sette Câmara concedeu entrevista coletiva na Cidade do Galo para explicar os motivos da demissão do técnico Dudamel após apenas dez jogos no comando da equipe e também o impacto financeiro da queda na Copa do Brasil e na Sul-Americana.

O Atlético foi eliminado do torneio nacional pelo modesto Afogados da Ingazeira, de Pernambuco, na última quarta-feira, logo na segunda fase. A queda na competição continental havia acontecido uma semana antes para o Unión de Santa Fe, da Argentina. A premiação somada para os títulos seria de R$ 100 milhões.

“Primeiro, temos que pedir desculpas à torcida. O que aconteceu nessas últimas horas, nesses últimos dias, foi uma vergonha muito grande para todos”, afirmou. “Sair desses campeonatos traz prejuízo. Todo mundo perde, inclusive os atletas. Quando tem prêmio X, parte é usada para pagar os atletas. No meio do ano, temos muitos jogadores que podem ser objeto de transação. Clube de futebol não consegue sobreviver no Brasil se não fizer duas boas vendas no ano”, acrescentou.

Apesar do momento negativo na temporada, Sette Câmara aproveitou para cutucar o rival Cruzeiro ao explicar que, mesmo diante de resultados ruins, não iria mudar sua política de austeridade, sem gastar mais do que o planejamento permite. “Aqui no Atlético nós não vamos ‘Cruzeirar’. Significa dizer que aqui nó não vamos fazer nenhum tipo de loucura, nenhum tipo de contratação que esteja acima das condições do clube. Não vamos deixar acontecer com o Atlético o que aconteceu do lado de lá”, discursou.

“Recebemos o Atlético situação muito pior do que o nosso adversário estava do ponto de vista financeiro. Não fizemos loucuras. Não fizemos contratações como muita gente pede. E criando expectativas que não se realizam e viram frustrações. O torcedor está chateado, sei que como dirigente e torcedor que sou, eu sofri muito o que ocorreu”, reforçou.

Em relação ao técnico Dudamel, o dirigente afirmou que o venezuelano não atendeu às expectativas do clube. Sette Câmara imaginava um outro cenário sobre o trabalho do treinador. “Fomos recebendo informações, de parte das pessoas que trabalham diariamente, não era questão de metodologia, cobrar postura dos atletas. Alguns equívocos cometidos, exageros, questão de preparação física, cobrança. Que não coadunam com o futebol brasileiro”, explicou.

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Sette Câmara disse que não tomou tal decisão sozinho e que conversou bastante com o vice-presidente, Lásaro Cândido da Cunha. Além do treinador, o dirigente demitiu Rui Costa e o ex-jogador Marques, que formavam o departamento de futebol do Atlético. “Quando contratamos o Dudamel, o objetivo era trazer treinador de filosofia diferente, moderna. Embora treinador da seleção venezuelana, mostrava-se que poderia trazer algo de novo. Isso não aconteceu. Tínhamos de fazer uma mudança total.”

Por fim, o presidente avisou aos torcedores que pretende continuar no cargo até o fim do mandato, apesar da pressão dos torcedores. “Uma coisa que o torcedor tem que saber, eu sei que quando acontece tragédia, o para raio é o presidente, ele não presta. Quero dizer a todos que estão me atacando: vou permanecer, cumprir o meu mandato, ninguém me tira. Fui eleito legitimamente pelo conselho, sou uma pessoa honesta, tenho um excelente vice-presidente”, finalizou.


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