O presidente da LaLiga, Javier Tebas, detonou a nova tentativa de criar a Superliga Europeia. O dirigente da entidade que organiza o Campeonato Espanhol afirmou que o campeonato é um “golpe de estado no modelo do futebol europeu”, uma competição “superfake” e uma “armadilha” para os clubes.

“Já não é a Superliga, mas a Superfake ou Super Armadilha, que os amigos vêm tentando emplacar desde 2000 e que, pouco a pouco, estão conseguindo”, atacou Tebas, num longo artigo publicado em suas redes sociais. No texto, ele tenta desconstruir as promessas feitas pelo alemão Bernd Reichart, CEO da empresa A22, que tenta criar a Superliga.

Na quinta, Reichart concedeu entrevista ao jornal espanhol El País, para o qual apresentou uma lista de 10 princípios que norteariam a nova competição, que tem a ambição de substituir a Liga dos Campeões da Europa, organizada pela Uefa. Neste decálogo, ele promete destacar o “mérito desportivo” no torneio, valorizar os campeonatos nacionais, melhorar a competitividade, cuidar da saúde dos jogadores, promover o futebol feminino e a experiência do torcedor, entre outros “princípios”.

Tebas apresentou nesta sexta uma resposta às promessas da Superliga ao questionar a falta de experiência do CEO no futebol, a ligação do alemão com o presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, e ironizar a veracidade das próprias ideias apresentadas, o que ele chamou de “panfleto”.

“Não se deixem enganar. Trata-se da última tentativa de sequestro do futebol europeu por parte dos grandes clubes. Os grandes clubes, se utilizando de diversas entidades ao longo dos anos, vem tomando repetidamente as entidades do futebol como reféns, assegurando para eles cada vez mais dinheiro e poder para si mesmos”, criticou o presidente da LaLiga.

“A competição imaginada pelo Sr. Reichart e seus amigos é um golpe de estado ao modelo atual do futebol europeu e acabaria com os campeonatos nacionais, não importam o que digam. Por isso, enfrentam a oposição unânime das ligas nacionais, de todos os tamanhos”, afirmou.

Na sua avaliação, a Superliga se tornaria a grande prioridade dos clubes europeus, que acabariam deixando as competições nacionais em segundo plano, principalmente em razão das ideias apresentadas pela Superliga em sua primeira tentativa de criação, ainda em 2021. Na ocasião, não havia ligação entre o desempenho no campeonato nacional e a consequente classificação para disputar a Superliga, como acontece hoje no caso da Liga dos Campeões.

A Superliga Europeia foi apresentada de forma um tanto desastrada em abril de 2021 por um grupo de grandes clubes da Europa. Eram 12 no total, mas o número de times integrantes caiu de forma fulminante nos primeiros dias, diante das fortes críticas das torcidas, da imprensa, dos jogadores e até dos treinadores dos próprios clubes “fundadores”.

Presidentes e CEOs dos times precisaram vir a público pedir desculpas diante da rápida repercussão negativa. O projeto foi enterrado tão rápido quanto surgiu. Mas a ideia não morreu. Ao longo de 2022, rumores apontavam para uma nova tentativa, principalmente após a contratação de Bernd Reichart para comandar a empresa que lançaria novamente a Superliga.

Com a experiência negativa de 2021, agora os idealizadores da nova competição apresentam uma proposta mais robusta, valorizando méritos, na tentativa de conectar o torneio aos campeonatos nacionais, e apresentando vantagens aos jogadores e torcedores. O grande apelo, contudo, continua sendo os valores mais polpudos a serem distribuídos aos clubes.