ROMA, 31 JUL (ANSA) – O presidente da Itália, Sergio Mattarella, elogiou a solidariedade e a “mudança de paradigma” da União Europeia e a cobertura da imprensa durante a pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) durante um evento tradicional do governo e da Associação de Imprensa Parlamentar nesta sexta-feira (31).   

Sobre o bloco europeu, o mandatário ressaltou que “ninguém poderia ter enfrentado e vencido sozinho esse desafio” e que quando os países se uniram, “ficaram mais fortes”.   

“Nós assistimos a uma imaginável mudança de paradigma político e institucional da UE. A Itália encontrou partilha e solidariedade dos outros países. A qualidade e as fórmulas profundamente inovadoras colocadas em campo tem um intuito extraordinário e manifestam uma ambição de significado histórico. O âmbito europeu é a base no qual devemos colocar a sapiente defesa dos interesses de nossos cidadãos”, ressaltou o presidente.   

A fala do chefe de Estado referia-se à aprovação do histórico fundo de recuperação, chamado oficialmente de “Próxima Geração UE”, e que terá disponíveis 750 bilhões de euros para que os países mais afetados pela crise da Covid-19 consigam fazer sua retomada. A Itália foi a mais beneficiada, com cerca de 209 bilhões de euros, em dois mecanismos.   

Para Mattarella, é importante que os italianos usem os recursos para fazer um projeto “oportuno, correto e eficaz”. “E é importante que a UE aberta não feche em uma visão míope que considere apenas os efeitos mais contingentes da crise mas que, ao contrário, olhe para o futuro, fora de vetos ou de defesas que cortem sua respiração”.   

Durante o discurso, o presidente também lembrou do período de lockdown que vigorou no país entre março e maio e da importância das informações corretas dadas pela imprensa italiana.   

“O mundo da informação foi interpelado pelo vírus e deu provas de estar à serviço dos interesses gerais e dos cidadãos. Um papel de grande relevância para combater a pandemia. Uma oportunidade até inesperada de retomada do papel do jornalismo.   

Papel oposto das fábricas das informações erradas, das fake news. A informação profissional e de qualidade foi reconhecida pelos italianos”, disse aos presentes.   

Como último recado, o presidente italiano pediu que os cidadãos continuem a respeitar as regras sanitárias nessa fase de maior relaxamento do isolamento e de retomada da economia, ressaltando que a cautela “é um bem precioso e necessário” nesse período.   

“Nós temos a tendência de esquecer e remover as experiências desagradáveis. Talvez não imaginávamos que essa remoção aflorasse de maneira tão rápida enquanto no nosso país ainda continuam a morrer pessoas pelo vírus. É um motivo para não baixar a guarda”, ressaltou.   

Nesta quinta-feira (30), fontes do governo italiano informaram que o Comitê Técnico-Científico (CTS) – grupo responsável pela gestão da pandemia do novo coronavírus – está preocupado com o aumento da curva de contágios nas últimas semanas. Apesar do sistema de saúde estar mais preparado e com mais vagas neste momento, a tendência de contágios vem aumentado semana a semana.   

“Exatamente há quatro meses morriam, em um só dia, mais de 800 cidadãos. Não podemos e não devemos remover tudo isso, por respeito aos mortos, dos sacrifícios que enfrentamos, com comportamentos que hoje permitem ter mais confiança. Além disso, a negação ou a impossibilidade daqueles comportamentos provocou ou está provocando consequências dramáticas”, alertou.   

Desde o início da pandemia na Itália, no fim de fevereiro, a Itália registrou 247.158 casos do novo coronavírus e 35.132 mortes pela doença, sendo o país da União Europeia com a maior quantidade de vítimas. Atualmente, há 12.230 casos ativos da doença, sendo a imensa maioria de pessoas com sintomas leves.   

(ANSA).