31/07/2024 - 15:40
O presidente da Guatemala, Bernardo Arévalo, qualificou nesta quarta-feira (31) como “abuso de poder” os processos abertos pelo Ministério Público contra o jornalista José Rubén Zamora, que está preso há dois anos.
Arévalo criticou a instituição, que é dirigida pela questionada procuradora-geral Consuelo Porras, um dia depois de receber José Zamora, filho do jornalista, e um enviado da organização internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
“O encarceramento de seu pai é um exemplo claro da corrupção e do abuso de poder que impera no Ministério Público, que insiste em criminalizá-lo e manter um processo carregado de inconsistências”, publicou Arévalo na rede social X.
O jornalista, que tem 67 anos e fundou o extinto jornal El Periódico, era crítico do governo anterior, dirigido pelo direitista Alejandro Giammattei (2020-2024). Zamora está preso desde 29 de julho de 2022, acusado dos supostos crimes de chantagem e lavagem de dinheiro.
Em 14 de junho de 2023, o comunicador foi condenado a seis anos de prisão por lavagem de dinheiro, mas a sentença foi anulada por uma corte de apelações quatro meses depois.
Esta mesma corte ordenou a repetição do julgamento, mas ainda não há data devido à existência de recursos pendentes.
Na reunião com Arévalo, o diretor da RSF para a América Latina, Artur Romeu, falou sobre as “ações” que o governo pode tomar “para encontrar uma solução rápida e eficaz” que permita a libertação de Zamora, segundo um comunicado da organização.
Romeu, que visitou Zamora em sua cela na terça-feira, instou o presidente a usar “todos os instrumentos à sua disposição”, de acordo com as recomendações de instâncias internacionais como a ONU, que considera a prisão como “arbitrária”.
Em maio passado, um tribunal havia concedido a liberdade condicional a Zamora, mas a decisão foi anulada a pedido do MP.
Consuelo Porras foi sancionada pelos Estados Unidos e pela União Europeia por ser considerada “corrupta” e “antidemocrática” devido à cruzada que empreendeu em 2022 contra ex-promotores antimáfias, jornalistas e críticos de Giammattei.
Arévalo, no poder desde janeiro, apresentou em maio um projeto de lei que lhe permitisse destituir a procuradora-geral, mas o texto não avançou no Congresso.
Esta reforma “é o caminho para o fim das injustiças, da perseguição e da criminalização contra os jornalistas e defensores dos direitos humanos”, justificou Arévalo.
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