A justiça espanhola anunciou nesta quarta-feira (23) a acusação do presidente do grupo de energia Iberdrola, Ignacio Sánchez Galán, no âmbito de uma investigação sobre um escândalo de espionagem generalizado entre grandes empresas.

Sánchez Galán, um empresário influente, é suspeito de “crime continuado de suborno ativo, crime contra a privacidade e falsificação de documento comercial”, de acordo com um comunicado do Tribunal Nacional, alta jurisdição de Madri especializada em questões financeiras, entre outras.

Três outros executivos da empresa também estão sendo investigados pelos mesmos crimes.

O caso está vinculado ao ex-policial José Manuel Villarejo, peça-chave em numerosos escândalos por ter espionado ou secretamente gravado personalidades da política e do setor empresarial, colocando em dificuldade até a família real.

De 2004 a 2017, o presidente da Iberdrola teria feito numerosos pedidos a Villarejo, incluindo espionar outros líderes empresariais, como Manuel Pizarro, então presidente da empresa de energia Endesa, ou Florentino Perez, chefe da construtora ACS e presidente do Real Madrid, de acordo com o Tribunal.

Outra tarefa consistia em acompanhar as atividades de alguns habitantes da localidade andaluza de Arcos de la Frontera, a fim de “ultrapassar os obstáculos que surgiam na construção de uma central de ciclo combinado”.

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O juiz suspeita que a Iberdrola pretendia encobrir estas atividades, fazendo com que outra empresa emitisse as faturas correspondentes pelos serviços do grupo Cenyt, do comissário Villarejo.

Em meados de abril, o presidente da petroleira Repsol, Antonio Brufau, e o ex-presidente do banco CaixaBank, Isidro Fainé, também foram acusados de suposto suborno ativo.

Os dois empresários teriam contratado os serviços de Villarejo para espionar o presidente da construtora Sacyr, que manobrava com a petroleira mexicana Pemex para ganhar o controle da Repsol, da qual o CaixaBank era um importante acionista.

Villarejo, de 69 anos, foi posto em liberdade condicional em março, após mais de três anos em prisão provisória, aguardando o início do julgamento por outro caso de espionagem, no qual o banco BBVA, cujo ex-presidente Francisco González está implicado, foi acusado em 2019.

O ex-comissário está envolvido em uma infinidade de escândalos, especialmente em investigações lançadas com base em conversas gravadas secretamente que foram apreendidas ao ser preso em 2017.

Rotulado de “corrupto” e “chantagista” pelo presidente do governo Pedro Sánchez, ele é acusado de ter enriquecido cobrando para montar campanhas de difamação ou chantagem com as gravações que fez.

Suas gravações colocaram o rei emérito Juan Carlos I, o conservador Partido Popular e a ex-ministra da Justiça do governo Pedro Sánchez, Dolores Delgado, em apuros.


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