Eleito presidente da Conmebol em janeiro, o paraguaio Alejandro Dominguez afirmou em entrevista à AFP que encontrou uma “situação caótica” quando assumiu o cargo, depois de três de seus antecessores estarem envolvidos no mega-escândalo de corrupção que abala o futebol mundial.

-Como se encontra a Conmebol hoje em dia, depois do escândalo de corrupção que afastou vários dirigentes do continente?

“Eu sabia que a situação estava ruim, mas nunca imaginei que fosse estar tão ruim assim. Quando fui eleito, o que encontrei superou qualquer coisa que eu imaginava. Encontrei uma grande desorganização, uma situação caótica. Com desafios muito grandes a curto prazo, uma situação muito dura.

Fizemos as mudanças necessárias e colocamos gente capacitada em posições-chave. Fizemos uma auditoria e reorganizamos as contas da Conmebol. Não havia registros desde 2011. A Conmebol não honrava seus compromissos com o fisco paraguaio (a sede é em Assunção) ou com os órgãos de previdência social.

Eu me sinto orgulhoso pelo fato de a Conmebol ter deixado para trás essa história de entidade com imunidade diplomática. O desafio era muito grande, muito pesado e acho que hoje estamos tendo algumas satisfações. Tanto que a justiça norte-americana vê a Conmebol como uma vítima, o que é muito importante”.

– A Copa América do Centenário, nos Estados Unidos, foi um sucesso de público. O senhor cogita repetir um torneio com formato semelhante?

“É preciso analisar tudo, não apenas a quantidade de público nos estádios, que foi muito boa, com média de 45.000 torcedores por partida. O importante nisso tudo, que é uma lição para o futuro, é que, se cumular as audiências, 1,5 bilhão de pessoas assistiram à Copa América pela televisão. No futuro, poderá haver uma melhor negociação dos direitos de transmissão, com maior benefício para as associações, suas afiliadas, clubes e jogadores. Eu não me limito a pensar em uma Copa América somente com Conmebol e Concacaf. Sonho em uma Copa América, porque não, com países latinos da Europa, como França, Itália, Espanha ou Portugal. Seria uma Copa bem diferente”.

-O que significa a medalha de ouro inédita conquistada pelo Brasil no torneio de futebol masculinos dos Jogos Olímpicos do Rio-2016?

“Desde o início tinha certeza que essa medalha de ouro iria para ima seleção sul-americana. Estou muito feliz por ter sido o Brasil, porque é o título que faltava ao futebol brasileiro. Isso faz muito bem ao futebol sul-americano”.

-Como o senhor recebeu a notícia de que Messi voltou atrás da decisão de não defender mais a seleção argentina?

“Messi é o melhor jogador do mundo e qualquer espetáculo com ele é muito diferente. Estou muito contente que sua presença nas eliminatórias seja confirmada. Eliminatórias ou Copa do Mundo sem Messi é como um aniversário de criança sem bolo”.

-O senhor está a favor de aumentar para 40 o número de seleções da fase final da Copa do Mundo?

“Entendemos a situação e se puder ter mais uma vaga para sul-americanos, sempre apoiaremos (no formato atual, são 4 vagas diretas e outra por meio da repescagem, para um total de dez países membros da Conmebol). Mais de 60% do futebol de alto nível é jogado com sul-americanos. O protagonismo do futebol sul-americano é de 100%. Os três melhores jogadores do mundo são sul-americanos: Messi, Neymar e Suárez”.

Declarações colhidas por Alexandre Peyrille

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