Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) -O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, disse nesta quarta-feira que não há mais espaço no Brasil para o retorno de um candidato à Presidência que já foi preso e processado, em referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A fala aconteceu durante evento da CNA que reuniu o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, outros políticos, como a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina, e diversos integrantes do setor, como o atual ministro Marcos Montes.

O seminário foi marcado para a CNA –principal entidade de associações de produtores e lideranças agrícolas do Brasil– apresentar propostas do agronegócio aos candidatos à Presidência, mas teve ares de palanque eleitoral, com direito a discurso de Bolsonaro e ataques ao petista.

O evento se tornou uma demonstração de força de Bolsonaro ao acontecer um dia antes de a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e de a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) participarem de uma manifestação em São Paulo em defesa da democracia e com críticas aos ataques que o presidente tem feito, sem provas, ao sistema eleitoral.

Na abertura de seminário da CNA, ao lado de Bolsonaro, João Martins não citou o nome de Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto para as eleições de outubro, mas deixou claro sobre quem falava.

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“Os senhores sinalizaram bem claro que não tem mais espaço neste país para uma equipe corrupta e incompetente. E muito menos o retorno de candidato que foi processado e preso como ladrão”, afirmou ele, sendo aplaudido por uma plateia, em Brasília.

Lula foi processado e preso no âmbito da operação Lava Jato. Posteriormente, o petista teve as condenações anuladas pela Justiça.

A ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina, candidata ao Senado pelo Mato Grosso do Sul, disse que o discurso do presidente da CNA representou a opinião de grande parte do setor.

“A sua fala colocou nos trilhos o que produtor rural pensa, pelo menos a grande maioria”, disse a ex-ministra, lembrando que o agronegócio teria formado um “exército verde e amarelo” durante a pandemia, que produziu e “não se furtou em ficar em casa”.

Segundo Tereza, o presidente Bolsonaro fez uma “coisa única”, que foi a priorização da política de regularização fundiária no país.

Já o presidente da Frente Parlamentar a Agricultura (FPA), principal lobby do agronegócio no Congresso, Sérgio Souza, disse que “não podemos deixar voltar aqueles que são contra o produtor rural”.

Segundo ele, “o Brasil precisa continuar crescendo de maneira liberta e sem cabresto, com a liberdade que nos dá este governo.”

O ministro Montes também refutou a eventual volta do candidato que “saqueou” o Brasil e que propõe a regulação da produção agrícola, segundo ele.

Martins, da CNA, disse também que o Brasil precisa que o Congresso Nacional eleito tenha coragem de votar as grandes reformas que o Brasil necessita.

Entre os projetos prioritários da entidade está a lei dos defensivos e bioinsumos, para modernizar o sistema de registro brasileiro.

A entidade também reforçou que o país precisa ter um plano para garantir oferta de fertilizantes, insumo fundamental para o setor, que o Brasil importa grande parte das necessidades.


(Por Roberto SamoraEdição de Alexandre Caverni e Flávia Marreiro)

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