Pedro Guimarães, aliado do presidente Jair Bolsonaro, renunciou nesta quarta-feira (29) ao cargo de presidente da Caixa Econômica Federal após denúncias de assédio sexual de funcionárias.

Guimarães, que costuma acompanhar Bolsonaro em atos públicos e viagens oficiais desde o início de seu governo em 2019, foi denunciado por um grupo de mulheres por abuso verbal e toques sem consentimento em ambientes de trabalho, revelou na terça o portal Metrópoles.

Após a renúncia, publicada em Diário Oficial, Bolsonaro nomeou como sucessora Daniella Marques, que era titular da Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia. A nomeação foi oficializada em um decreto publicado nesta noite.

Guimarães, de 51 anos, negou as acusações por meio de uma carta aberta divulgada em seu perfil no Instagram, na qual disse ser alvo de uma “situação cruel, injusta, desigual e que será corrigida na hora certa com a força da verdade”.

“Tenho a plena certeza de que estas acusações não se sustentarão ao passar por uma avaliação técnica e isenta. Todavia, não posso prejudicar a instituição ou o governo sendo um alvo para o rancor político em um ano eleitoral”, acrescentou.

Ao Metrópoles, a Caixa afirmou não ter conhecimento das denúncias.

Com uma trajetória no mercado financeiro, Guimarães tinha um alto perfil: esteve ao lado de Bolsonaro em diversas de suas transmissões ao vivo semanais e fez parte da comitiva que o acompanhou à Assembleia Geral da ONU em 2021.

Após o portal revelar as denúncias com testemunhos de cinco mulheres, vários veículos publicaram relatos das supostas vítimas, sob anonimato por temerem represálias.

Uma delas contou que Guimarães a assediou “em mais de uma ocasião”, como a vez em que, durante uma viagem, pediu a ela que levasse um carregador de celular em seu quarto de hotel, à noite. Ele a recebeu de cueca e a convidou a entrar. “Me senti humilhada”, disse ao G1.

Os relatos detalham toques no pescoço, na cintura e em “partes íntimas”.

A menos de 100 dias das eleições em que buscará um segundo mandato, o escândalo pode afetar a imagem de Bolsonaro entre o eleitorado feminino, já prejudicada segundo as pesquisas, após suas frequentes declarações consideradas misóginas e machistas.