O presidente da Agence France-Presse (AFP), Fabrice Fries, considerou “grave e infame” que a agência tenha sido acusada de ser “um vetor do aumento do antissemitismo” na França por sua cobertura da guerra entre Israel e Hamas.

Fries negou, ante uma comissão do Senado francesa, qualquer viés editorial e avaliou que para além de “acusações por vezes escandalosas, (…) o debate sobre a cobertura do conflito” é “legítimo”.

Fries fez um mea-culpa sobre a agência não ter feito no mesmo dia um artigo em francês sobre uma projeção, organizada pelo Exército israelense, das imagens dos massacres perpetrados em 7 de outubro pelo Hamas.

Fries deu essas explicações ante a Comissão de Cultura, Comunicação e Educação do Senado, depois que a cobertura da AFP foi julgada por alguns meios de comunicação e por políticos.

“A maioria das críticas na França evoca um viés pró-palestino e algumas não hesitaram em fazer da agência um vetor do aumento do antissemitismo” no país, declarou Fries.

Essa acusação “é ainda mais grave e infame, porque a AFP nasceu em agosto de 1944 com a Liberação (de Paris após a ocupação nazista), graças à ação de alguns combatentes da Resistência, à qual se somaram os sobreviventes da Shoah”, o termo hebraico para o Holocausto, afirmou o presidente da AFP.

“Essas acusações são uma loucura. E não são meros comentários em um estúdio de televisão, já que um representante eleito da República, um deputado, as retomou por conta própria”, acrescentou Fries.

O deputado Meyer Habib, do partido conservador Os Republicanos, eleito pela circunscrição de residentes franceses no exterior que engloba Israel, afirmou, em 7 de novembro, na rede social X, antigo Twitter, que “às vezes” podia se encontrar “antissemitismo” na AFP.

Mais uma vez, Fries defendeu a política editorial da agência de não utilizar o termo “terrorista” para se referir a nenhuma pessoa ou organização, exceto quando se trata de uma declaração textual dada à AFP.

“Essa norma se aplica há mais de 20 anos” em relação “a todos os movimentos sem exceção”, afirmou Fries, que esteve no Senado ao lado do Diretor de Informação da AFP, Phil Chetwynd.

Para além das críticas externas, a cobertura do conflito suscitou um debate dentro da AFP, uma das três agências de notícias com alcance global – ao lado da AP e Reuters – e os jornalistas acreditam que determinadas decisões editoriais poderiam dar lugar a acusações de parcialidade.

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