A Agence France-Presse (AFP) lançará um plano de incentivos à aposentadoria para funcionários elegíveis e reduzirá os custos relacionados aos seus jornalistas expatriados fora da França, anunciou seu diretor executivo, Fabrice Fries, nesta sexta-feira (11).
O diretor da agência apresentou essas medidas na quinta-feira ao conselho de administração e nesta sexta-feira aos representantes dos funcionários no CSE (Comitê Econômico e Social).
A primeira medida, planejada para o outono (hemisfério norte, primavera no Brasil), prevê entre 50 e 70 desligamentos sem substituição em toda a rede global da AFP (jornalistas e não jornalistas), em troca de uma remuneração ainda a ser definida.
O objetivo é obter uma economia entre 4 milhões e 5 milhões de euros (R$ 25,9 milhões e R$ 32,3 milhões, na cotação atual) em um ano.
A segunda medida estabelece uma meta de redução dos custos de expatriação em 3 milhões de euros (R$ 19,4 milhões) “ou seja, 10% do custo total”, segundo a apresentação de Fries.
“A AFP está comprometida com a expatriação, mas não a qualquer preço”, declarou.
Os jornalistas da AFP baseados fora da França são regidos por diversos estatutos.
Em primeiro lugar, o estatuto “sede”, um contrato regulamentado pela lei francesa que inclui benefícios (custos de moradia, mensalidades escolares para os filhos). Seu titular está sujeito ao regime de mobilidade em vigor na AFP.
Em segundo lugar, um estatuto intermediário, denominado “regional”, que também inclui benefícios.
Por último, um estatuto denominado “local”, sem benefícios adicionais além do salário.
A administração planeja reformar esse sistema, convertendo os contratos sede (atualmente 141) e os regionais (134) em contratos locais, que são mais baratos.
Para isso, uma reflexão será realizada até o final de 2025, na qual serão identificados os cargos potencialmente afetados.
Essas medidas exigirão “financiamento externo”, que pode vir de um empréstimo estatal, de um cronograma de reestruturação da dívida ou de um empréstimo bancário.
Por outro lado, a direção da AFP busca um “redirecionamento editorial” para a cobertura de notícias de última hora, o que implica em um “jornalismo enraizado no terreno, apoiado por uma sólida rede de fontes”.
Fries anunciou em 13 de junho que a AFP realizaria um “programa de economia” de 12 milhões de euros a 14 milhões de euros entre 2025 e 2026 (cerca de R$ 77,7 milhões a R$ 90,6 milhões, na cotação atual).
Isso ocorre em resposta a uma “deterioração persistente” em suas perspectivas financeiras devido à crise global da mídia, que está sendo afetada por novos usos digitais e pela inteligência artificial (IA).
Em particular, Fries destacou o fim do programa de verificação de fatos da Meta (Facebook, Instagram, WhatsApp) nos Estados Unidos, do qual a AFP participava, e a rescisão abrupta do contrato com a emissora pública Voice of America, que o governo Trump tenta desmantelar.
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