O presidente Bolsonaro despiu-se das vestes de estadista e travestiu-se de baderneiro da ordem pública. No discurso que proferiu na avenida Paulista, pregou a desobediência civil ao Supremo Tribunal Federal e ao Tribunal Superior Eleitoral. Voltou a denunciar, sem provas, que as urnas eletrônicas não são confiáveis e novamente pregou o voto impresso, que já foi derrotado na Câmara. Do alto de um palanque meramente em ritmo de campanha eleitoral, de forma muito antecipada ao período autorizado pela Justiça Eleitoral, Bolsonaro ameaçou formalmente Alexandre de Moraes. A partir de agora, qualquer coisa que aconteça à integridade física do ministro do STF, Bolsonaro terá que ser responsabilizado e preso. Ele incitou as milhares de pessoas a agredirem e descumprirem as determinações do magistrado, que, constitucionalmente, é a última palavra a ser dada. Não a dele, que não vale mais nada.

No palanque, Bolsonaro deixou claro que ele desejava reunir a multidão que reuniu apenas para tirar uma foto para mostrar ao Brasil e ao mundo do que era capaz. Na verdade, o que ele está conseguindo mostrar ao mundo é que temos um presidente baderneiro, desrespeitador das leis e da Constituição, e um aspirante a déspota, tal como os personagens que o inspiram, Mussolini e Adolf Hitler. Ele disse, claramente, que a paciência do povo acabou com os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, o que não é verdade, pois esses dois ministros hoje são os mais fieis representantes de um Poder Judiciário que respeita as leis e impede o insano presidente de consumar o golpe que ele tanto deseja. Não fossem esses dois ministros, já estariam vivendo num regime de exceção. Graças ao STF ainda vivemos numa democracia.

Se Bolsonaro não puder ser destituído do poder pela impeachment, já que o Centrão de Arhur Lira não permite a leitura de nenhum os 130 pedidos de afastamento, que o ex-capitão seja afastado do cargo por elevado grau de insanidade mental. Ele não tem mais condições de continuar governando. No discurso na Paulista, Bolsonaro disse que ninguém o tira de Brasília e que apenas Deus poderá fazê-lo. Ora, ele precisa entender que a lei foi feita para todos e pelos inúmeros crimes que já cometeu, o que lhe resta é realmente ser julgado, condenado e preso. De acordo com os crimes já cometidos – fora os de hoje, por incitar o povo contra o regime democrático e os poderes constituídos – , Bolsonaro pode ser condenado a mais de 100 anos de cadeia. Dessa forma, o presidente baderneiro precisa ser contido já: que seja afastado do poder pelas leis e depois que deixe Brasília num camburão.