O presidente argentino, Alberto Fernández, enfrenta a Justiça, após participar do jantar de aniversário da primeira-dama organizado durante o confinamento de 2020 no país.
Um promotor decidiu abrir uma investigação contra Fernández, apesar de o presidente ter proposto doar parte de seu salário como reparação.
O episódio gerou uma enxurrada de críticas de opositores e militantes do próprio partido de Fernández, e impactou sua campanha para as eleições legislativas de metade do mandato, em 14 de novembro.
O promotor federal Ramiro González decidiu ontem formalizar a investigação contra o presidente, sua mulher, Fabiola Yañez, e as outras 10 pessoas que participaram em 14 de julho de 2020 da comemoração, na residência oficial de Olivos.
Pouco antes de a acusação ser anunciada, o presidente se apresentou ontem à Justiça e propôs, a título de “reparação de um potencial dano”, doar metade do seu salário por quatro meses consecutivos ao Instituto Malbrán de pesquisa bacteriológica. O juiz Sebastián Casanello deve decidir agora se avança com a investigação ou aceita a oferta do presidente e encerra o processo judicial.
“A festa de aniversário de Fabiola não foi uma ação dolosa, foi um ato de imprudência e negligência. Não esperei que me intimassem, nem tentei influenciar nenhum promotor ou juiz, nem procurei um advogado lobista. Eu me apresentei espontaneamente e disse o que acho que ocorreu juridicamente”, declarou Fernández hoje, em entrevista à Rádio 10.
O presidente, professor de direito penal, disse que se sente “tranquilo”, porque “não se configurou um crime”, uma vez que não houve pessoas infectadas durante o jantar. O escândalo estourou há duas semanas, com a publicação de uma foto da festa, e Fernández foi denunciado na Justiça por violação da quarentena.