O candidato presidencial de centro-direita Rodrigo Paz, favorito para o segundo turno de outubro na Bolívia, descartou um plano de ajuste severo para superar a crise econômica, em uma entrevista à AFP.
“Eu acho que vai ser uma transição. Haverá o processo de estabilização, não o chamamos de ajuste. É estabilizar. Eu acredito que o povo vai entender”, disse o político.
Paz obteve a maior votação no primeiro turno, com 32%, seguido do ex-presidente Jorge Quiroga (26,7%). Ambos disputarão o segundo turno em 19 de outubro.
O atual governo de esquerda de Luis Arce praticamente esgotou suas reservas internacionais de dólares para sustentar os subsídios aos combustíveis.
A inflação interanual de julho foi de 24,8%, a mais alta em pelo menos 17 anos.
A crise econômica, principal preocupação dos bolivianos, tem sido o centro dos debates durante a campanha eleitoral.
Paz descartou que vá contrair créditos internacionais como primeira opção para aliviar a economia, como propõe seu rival Jorge Quiroga.
“As pessoas entendem que primeiro é preciso arrumar a casa”, comentou o filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989-1993).
O político apontou que seu plano de estabilização contempla, em primeiro lugar, uma redução de 60% do déficit fiscal.
Da mesma forma, reforçará o combate à corrupção e ao contrabando de combustíveis, com o que espera economizar cerca de 1,2 bilhão de dólares em subsídios.
Também promete ajustes na taxa de câmbio, já que o mercado negro negocia ao dobro da oficial, e estabelecer benefícios tributários e financeiros para que os dólares retornem ao sistema bancário do país.
“Com ações pontuais é possível gerar um processo de alívio à pressão inflacionária”, concluiu.
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