Presidenciável boliviano prevê que Brasil e Argentina tenham sedes antidrogas na Bolívia

O ex-mandatário Jorge Quiroga, favorito na pesquisa mais recente para vencer a presidência da Bolívia, anunciou nesta sexta-feira (26) que impulsionará acordos com Brasil e Argentina para que instalem sedes policiais em seu país a fim de combater o narcotráfico.

Com 47%, Quiroga lidera a intenção de voto rumo ao segundo turno de 19 de outubro, no qual enfrentará o candidato de centro-direita Rodrigo Paz (39,3%), segundo a pesquisa da Ipsos-Ciesmori divulgada na quinta-feira.

Durante um comício em La Paz, o ex-presidente de direita abordou a luta contra as drogas e prometeu uma mudança radical nessa frente, após 20 anos de governos de esquerda em que a Bolívia rompeu qualquer cooperação com os Estados Unidos.

A Bolívia é o terceiro produtor mundial de cocaína, segundo a Organização das Nações Unidas, e os Estados Unidos são o maior consumidor dessa droga.

A cocaína produzida na região cocalera do Chapare, no centro do país, é transportada para Santa Cruz (leste) e depois para o Brasil e a Europa, disse Quiroga.

“Essa é a cadeia. A primeira cooperação será com a (polícia) federal brasileira. Teremos gente lá e eles terão gente e escritórios aqui”, afirmou.

Nos últimos meses, uma onda de crimes violentos se expandiu pelo oeste da Bolívia, onde se radicaram as facções armadas brasileiras Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV).

“A segunda (cooperação) será com a (polícia) federal argentina. Já conversamos. Vai acontecer”, acrescentou. Disse que depois recorrerá a outros países vizinhos, à Europa e aos Estados Unidos para acordos semelhantes.

“Os únicos que não querem acordos de cooperação (…) são os narcos”, afirmou.

Em 2008, o então presidente e líder cocaleiro Evo Morales (2006-2019) expulsou do país a Administração de Controle de Drogas dos Estados Unidos, conhecida como DEA.

Durante seu discurso, Quiroga também se referiu à relação que terá com a Venezuela caso seja eleito presidente.

Chamou o governante Nicolás Maduro de “chefe de um conglomerado criminoso de narcotraficantes” e assegurou que impulsionará o reconhecimento do opositor Edmundo González como presidente eleito do país caribenho.

gta/vel/val/am