BELÉM, 21 NOV (ANSA) – A presidência brasileira da COP30 divulgou um novo rascunho de acordo nesta sexta-feira (21), dia previsto para o encerramento da cúpula climática da ONU, porém o texto não inclui um mapa do caminho para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis.
Esse tema é tido como crucial por diversos países europeus e sul-americanos, além de pequenos Estados insulares do Pacífico, que estão entre os mais ameaçados pela crise climática no planeta, porém enfrenta o poderoso lobby de grandes produtores de carvão, gás natural e petróleo, como Arábia Saudita, China, Índia e Rússia.
O termo “combustíveis fósseis” sequer é citado no esboço, embora a ciência os coloque como principais responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa causadora do aquecimento global.
Na última quinta (20), cerca de 30 países enviaram uma carta à presidência brasileira da COP30 para cobrar a inclusão dos combustíveis fósseis no rascunho.
“Estamos profundamente preocupados com a atual proposta do tipo ‘pegar ou largar'”, diz a carta assinada por países como Alemanha, Bélgica, Chile, Colômbia, Espanha, França, Guatemala, Holanda, Honduras, México, Reino Unido e Suíça, além de pequenos Estados insulares do Pacífico, como Ilhas Marshall, Palau e Vanuatu.
“Devemos ser honestos: em sua forma atual, a proposta não atende aos requisitos mínimos para um resultado crível nesta COP”, acrescenta a carta.
Já o comissário de Clima da União Europeia, Wopke Hoekstra, disse em uma declaração à agência AFP que está “desapontado” com o último rascunho divulgado pela presidência da COP30. “Isso não está nem perto da ambição de que precisamos em termos de mitigação”, salientou.
O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem pressionado pela definição de um “mapa do caminho” para o fim gradual do uso de combustíveis fósseis, apesar do apoio à exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas, mas os documentos conclusivos das cúpulas climáticas da ONU precisam ser aprovados por consenso.
Também ainda há divergências a respeito dos financiamentos para que as nações mais pobres se adaptem às mudanças climáticas e desenvolvam suas economias com baixas emissões de carbono.
(ANSA).