Eleanor Scriven

Novas escavações feitas por arqueólogos no leste da Islândia revelaram que os vikings podem ter chegado à ilha gelada até setenta anos antes do que se calculava. A descoberta foi feita por cientistas ao encontrar uma moradia típica dos vikings, que pode ter abrigado um chefe nórdico aproximadamente 800 anos depois de Cristo (d.C), o que antecede em 70 anos a chegada tradicionalmente aceita dos primeiros colonos escandinavos na região. Localizado num fiorde, os restos da casa, que deve ter servido para um campo de caça, foram achados em 2003. Mas o sítio só passou a ser escavado em 2015 pelo arqueólogo Bjarni Einarsson, que revelou detalhes da descoberta à revista Iceland Review. O achado impõe uma revisão da história islandesa.

Tratam-se de duas estruturas, uma datada entre 869 e 873 d.C. e outra provavelmente erguida por volta de 800 d.C. Se comparada à Europa continental e à África, a história humana da Islândia é mais breve e bem documentada. Livros do século XII afirmavam que os primeiros habitantes da ilha chegaram em 870 d.C, mas essas escavações indicam o período anterior. O chamado Landnámabók, ou livro de registro de assentamentos, indica que o primeiro colono da Islândia foi Ingólfur Arnarson, que teria navegado desde a Noruega para o que hoje é Reykjavik com sua esposa, Hallveig Fródadóttir.

Mudança de data

Os estudiosos resistiam a aceitar a mudança de data. Mas as escavações na região, conhecida como Stöð, próxima à vila de Stöðvarfjörður, e em vários outros locais na Islândia já fornecem uma prova clara da presença humana no país sete décadas antes de Ingólfur se estabelecer em Reykjavík. Com até 40 metros de comprimento, as casas estreitas e compridas tradicionalmente feitas pelos vikings sugerem uma colonização precoce. A descoberta é a mais surpreendente feita até hoje naquela região do planeta. Objetos de interesse histórico já tinham sido encontrados em Stöð, mas algo como uma construção nunca havia sido descoberto. “É difícil não admitir que se trata de uma casa”, diz Bjarni Einarsson. Segundo ele, “o local servia de campo de caça sazonal, operado por um chefe norueguês que fazia viagens à Islândia para reunir objetos de valor e trazê-los de volta ao mar para a Noruega”. É mais um capítulo da história dos vikings.

 

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias