Presa por engano por quase dois anos, a modelo e dançarina Bárbara Querino foi absolvida na quarta-feira (13) por decisão do desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, Guilherme Souza Nucci. Em suas redes sociais, ela compartilhou a imagem da decisão judicial: “Notícia mais que incrível”.

Bárbara foi acusada de ter participado de um roubo de carro em 10 setembro de 2017, em São Paulo, junto a outros quatro jovens. No carro, um Honda Civic branco, estavam um casal e a filha de oito anos.

Na delegacia, diante de uma fotografia de Bárbara mostrada pela polícia, o casal a apontou como participante do crime. “Tenho 100% de certeza que é ela, por causa dos cabelos”, afirmou a mulher, diante da foto da modelo.

Mesmo após comprovar que estava no Guarujá, no litoral paulista, no dia do crime, Bárbara foi presa em janeiro de 2018. Ela só saiu em setembro do ano passado, beneficiada por bom comportamento. “Foi terrível ficar presa, foram quase dois anos que eles tiraram de mim. Não quero essa experiência para ninguém”, disse Bárbara em entrevista à revista ISTOÉ em fevereiro deste ano.

Na decisão judicial de 13 de maio, Nucci considerou peculiar o reconhecimento da modelo já que o cabelo dela não apresenta nenhum traço diferencial que a pudesse identificar. O desembargador também considerou culpado pelo roubo dois homens: William Wagner de Paula da Silva e Wesley Victor Querino de Oliveira.

Por meio das redes sociais, Flávio Campos, advogado da modelo, comentou a vitória da cliente. “Dia importante na luta contra o racismo estrutural e o encarceramento de corpos negros. Bárbara Querino conquistou a liberdade com seu suor e lágrimas e após uma longa batalha foi absolvida em razão das enormes provas de inocência. Uma vitória abolicionista”, escreveu.

“Fico feliz de fazer parte desse combate junto a tantos irmãos e irmãs de luta e junto a Bárbara que nos convenceu a seguir sua liderança e fazer a defesa a partir da sua perspectiva. Um processo que mudou minha visão de vida”, continuou Flávio, que afirmou ainda: “a luta continua”.

Também nas redes sociais, Bárbara escreveu que estava “sem acreditar”. “Me tremo toda, choro de alegria, choro de alívio. Estava numa falsa liberdade e finalmente esse peso passou. Eu não podia ter sido presa, eu não podia ter passado por tudo isso, para que neste dia a verdade viesse a tona. Mesmo diante e tamanha felicidade, também choro pela nossa ‘justiça’ brasileira. Choro por fazerem pessoas inocentes passarem pelo que passei. Esú não falha! Orisá nao falha! Eu sou a prova viva! Não foi em vão”, disse.