Desde o primeiro dia em que assumiu, Bolsonaro prepara um golpe para se perpetuar no poder de forma ditatorial. Ele e seus seguidores ensandecidos vêm testando as instituições nesse sentido dia após dia. E não vamos nos fixar nas declarações abestalhadas do deputado Daniel Silveira, que exaltou o AI-5 e o fechamento do STF, porque muito antes dele o deputado Eduardo Bolsonaro já havia pregado o mesmo e nenhuma providência foi tomada para calar esses extremistas paspalhos. E também não vamos nos remeter ao tuíte infame do general Villas Bôas sobre as pressões ao Supremo porque ele não passa de um militar de pijamas com pouco crédito hoje. Vamos falar, sim, de outros fatos muito mais graves, que mostram claramente que o ex-capitão trama contra a democracia.

Antes de assumir a presidência, e quando ainda era deputado do baixo clero, ele sempre defendeu a ditadura militar e seus facínoras, como o coronel Ustra, que representou o que as Forças Armadas produziram de pior: matou dezenas de brasileiros indefesos e imobilizados em cadeiras de tortura. Admiração por quem ele ainda nutre. Depois, logo nos primeiros meses de governo, testou as instituições quando seus comandados, por orientação sua, promoveram manifestações criminosas pregando o fechamento do Congresso e do STF, tal como os militares do golpe de 1964 urdiram. Ameaças a ministros e seus familiares foram feitas, como foram repetidas agora. Não fosse a pronta ação do ministro Alexandre de Moraes, certamente teríamos caminhado para um desfecho que os bolsonaristas desejam: o rompimento institucional.

Para garantir sua permanência no poder, Bolsonaro está armando seus milicianos que sustentariam o golpe

Os recentes movimentos de Bolsonaro mostram que o golpe está sendo arquitetado com método. Primeiro, ele disse, de forma irresponsável, que a democracia brasileira é frágil e que o voto na urna eletrônica pode ser fraudado. Por isso, exige o voto impresso, um retrocesso típico do coronelismo que exige o voto de cabresto. Afirmou que se não tivermos o voto em cédulas, poderá ocorrer no Brasil o mesmo que aconteceu nos EUA com a ocupação do Capitólio: insinuando a invasão do STF e do Congresso para exigir que ele não seja apeado do governo caso perca. Para garantir sua permanência no poder, Bolsonaro está armando seus milicianos que sustentariam o golpe. Ao promover a intervenção na Petrobras, por exemplo, disse que todos sabem que ele gostaria de viver em outro tipo de regime, o ditatorial, claro. Resta torcer que a sociedade não permita que essa aventura fascista ganhe força.