Frederico Cursino, da Agência Einstein

Preocupar-se com o uso excessivo de aparelhos móveis pode ser prejudicial à saúde. Por outro lado, o período diante das telas não teria impacto no bem-estar mental. É o que constata um estudo britânico com mais de 200 usuários de smartphones e publicado pelo periódico Technology, Mind, and Behavior, da Associação Americana de Psicologia.

Para chegar a essa conclusão, os cientistas submeteram os participantes a questionários sobre seus estados de saúde física e mental, juntamente à avaliação de suas composições corporais e sintomas de ansiedade, depressão e estresse. Também foi analisado o quão problemático os usuários percebiam o uso de smartphones.

A pesquisa, em princípio, tinha como objetivo descobrir qual seria o nível de influência que o excesso de tempo diante das telas teria na qualidade de vida das pessoas. Mas, para surpresa dos pesquisadores, os resultados trouxeram outra descoberta: a qualidade da saúde mental dos participantes estava, na verdade, associada às suas preocupações em relação ao uso dos aparelhos.

A associação foi medida por meio de uma escala de “uso problemático”, criada pelos cientistas com base em relatos de participantes que afirmavam estar “usando o smartphone por mais tempo do que o esperado” ou “ter tentado várias vezes diminuir o tempo de uso, mas sem sucesso”.

“O uso diário de smartphones ou o tempo diante das telas não previam ansiedade, depressão ou sintomas de estresse. Além disso, aqueles que excederam os ‘pontos de corte’ clínicos para ansiedade geral e transtorno depressivo maior não usaram mais o telefone do que aqueles que pontuaram abaixo desse limite”, explicou o coordenador do estudo, Heather Shaw, pesquisador do Departamento de Psicologia da Universidade de Lancaster.

Por isso, o estudo sugere que reduzir o uso geral de smartphones não deve ser, neste momento, uma prioridade para as intervenções de saúde pública. Por outro lado, a publicação indica que “ajudar as pessoas a gerenciar suas ponderações sobre a utilização dos dispositivos tem maior probabilidade de proporcionar um benefício ao seu bem-estar”.

“É importante considerar o uso real do dispositivo separadamente, das preocupações das pessoas com a tecnologia. Isso ocorre porque o primeiro não mostra relações dignas de nota com a saúde mental, enquanto o último sim”, ressalta Shaw.

David Ellis, coautor do estudo e professor da Universidade de Bath, acrescenta que, com a pandemia tornando os dispositivos móveis ainda mais essenciais para as relações, é preciso uma nova abordagem crítica sobre o uso dessas tecnologias. “Nossos resultados se somam a um crescente corpo de pesquisas que sugere que reduzir o tempo diante das telas, no geral, não deixará as pessoas mais felizes. Em vez de promover os benefícios da ‘desintoxicação’ digital, nossa pesquisa sugere que as pessoas se beneficiariam mais de medidas para lidar com as preocupações e medos que cresceram em torno do tempo gasto esses aparelhos”, afirma.

 (Fonte: Agência Einstein)

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