O Fundo Monetário Internacional (FMI) expressou nesta quarta-feira (5) sua preocupação com o estado dos bancos ocidentais, especialmente os europeus, em um momento em que a situação do Deutsche Bank e de alguns estabelecimentos italianos inquietam os mercados.
Ameaçado com uma multa bilionária pelos Estados Unidos por ter vendido créditos hipotecários de alto risco (“subprime”), que precipitaram a crise mundial de 2008-2009, o Banco alemão provocou a queda das Bolsas europeias, preocupadas com a fragilidade do setor.
O Deutsche Bank faz parte dos bancos de investimento que “tentam abandonar um modelo de atividade obsoleto” baseado em grandes instituições, avaliou o diretor adjunto do Departamento de Mercados Financeiros, Peter Dattels, durante uma coletiva de imprensa.
Segundo ele, o Banco alemão deve continuar “convencendo os investidores de que seu modelo de atividade no futuro é viável e que enfrenta os riscos implícitos na demanda” em curso.
As instituições financeiras das economias avançadas enfrentam uma “série de desafios estruturais e conjunturais e devem se adaptar a essa nova era de crescimento fraco e de taxas de juros baixas”, afirmou o FMI em seu novo relatório sobre estabilidade financeira.
Resgate público
A regulamentação mais estrita do setor, o baixo custo do crédito e o peso dos empréstimos em moratória minam a rentabilidade desses bancos, assim como sua capacidade para apoiar o crescimento. No fim, podem “afetar a estabilidade financeira”, alertou o FMI.
Sua capitalização financeira global perdeu US$ 430 bilhões, em um contexto de economia estagnada.
Embora se registre uma forte recuperação, mais de um quarto dos bancos dos países ricos – que administram US$ 11,7 trilhões em ativos, quatro vezes mais do que o PIB da França – continuam “fracos e enfrentam grandes dificuldades”.
A situação é especialmente alarmante na Europa. Ali, centenas de bancos continuam lidando com “níveis ainda muito elevados de empréstimos duvidosos” que podem se transformar em enormes prejuízos, alertou o FMI.
Na Europa, o setor bancário deve ser reformado em profundidade com uma redução do número de estabelecimentos e limitando a alta remuneração de depósitos bancários, especialmente na França, com o objetivo de recuperar a rentabilidade, alegou o Fundo.
“Sem uma melhora sensível da capacidade dos bancos frágeis de gerar capital suficiente internamente, corre-se o risco de que os investidores tenham dúvidas antes de injetar dinheiro vivo para compensar as perdas vinculadas aos empréstimos duvidosos”, escreveu o FMI.
O único recurso dos bancos em dificuldade seria pedir um resgate público, algo que vários países europeus rejeitaram com firmeza.
Recentemente, o governo alemão rejeitou qualquer “plano de resgate” público para ajudar o Deutsche Bank, que terá de pagar uma multa de pelo menos US$ 5,4 bilhões nos Estados Unidos.
O FMI nega que os Estados Unidos sejam mais severos em relação às penas aplicadas aos bancos estrangeiros do que com seus homólogos americanos.