30/11/2024 - 16:29
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, concluiu neste sábado (30) uma breve visita aos Estados Unidos para expressar ao presidente eleito Donald Trump sua preocupação com os anúncios de potenciais aumentos de tarifas para os produtos de seu país.
“Foi uma conversa excelente”, afirmou Trudeau aos jornalistas na manhã deste sábado, enquanto deixava um hotel em West Palm Beach para retornar ao Canadá.
Com a provável intenção de evitar um futuro relacionamento hostil a nível econômico com os Estados Unidos, Trudeau fez uma visita surpresa à propriedade do magnata republicano no estado da Flórida.
Trump causou pânico na segunda-feira ao anunciar que estabeleceria tarifas de 25% sobre as importações do México e do Canadá, e de 10% em produtos da China.
Neste sábado, ele redobrou a aposta e ameaçou os países do grupo Brics com tarifas de 100% se estes tentarem acabar com o predomínio do dólar.
“Pedimos que se comprometam […] a não criar nunca uma nova moeda do Brics, e a não apoiar nenhuma outra moeda para substituir o possante dólar americano, ou enfrentarão tarifas de 100%”, escreveu Trump em sua rede Truth Social, em referência ao grupo de países que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul entre outros.
Trudeau é o mais recente convidado de alto nível e o primeiro dos países do G7 a se reunir com Trump.
A reunião, que não havia sido anunciada, incluiu um jantar na propriedade de Trump em Mar-a-Lago, pouco depois dos recentes anúncios do republicano de estabelecer novas tarifas sobre as importações canadenses, bem como as do México, seu outro parceiro comercial no acordo T-MEC, e da China.
Os países vizinhos dos Estados Unidos estão preocupados com os anúncios de eventuais medidas que o governo Trump planeja e pretendem mitigar o impacto das ameaças tarifárias.
Antes mesmo de retornar à Casa Branca, o ex-presidente (2017-2021) já começou a ofuscar os últimos meses do governo do democrata Joe Biden.
Uma foto divulgada pelo senador republicano David McCormick mostrava Trump e Trudeau juntos à mesa, cercados por uma dúzia de convidados, incluindo Howard Lutnick, o indicado pelo novo mandatário para secretário de Comércio dos Estados Unidos, e Mike Waltz, sua escolha para Conselheiro de Segurança Nacional.
O líder republicano acusou seus vizinhos e parceiros comerciais de não fazerem o suficiente para impedir a “invasão” de drogas nos Estados Unidos, “particularmente o fentanil”, bem como de migrantes sem documentos.
Biden, por sua vez, alertou que o anúncio do republicano poderia “arruinar” as relações de Washington com Ottawa e Cidade do México. “É contraproducente”, frisou.
Para o Canadá, novas tarifas representam um alto risco.
Mais de 75% das exportações do Canadá, cerca de US$ 423 bilhões (R$ 2,6 trilhões na cotação atual), foram para os Estados Unidos no ano passado, e cerca de dois milhões de empregos canadenses dependem do comércio com o país vizinho.
Uma fonte do governo canadense disse à AFP que Ottawa está considerando possíveis tarifas retaliatórias contra os Estados Unidos, caso as decisões de Trump sejam impostas a partir de 20 de janeiro, quando ele assume o cargo.
Alguns analistas sugerem que a ameaça tarifária de Trump poderia ser uma bravata ou um aceno inicial para abrir futuras negociações comerciais, mas, antes de viajar à Flórida, Trudeau rejeitou essas opiniões diante dos jornalistas.
“Quando Donald Trump faz declarações como essa, planeja levá-las adiante”, afirmou Trudeau.
Durante o primeiro mandato de Trump, os Estados Unidos impuseram tarifas de 25% às importações de aço e de 10% às de alumínio, ao que Ottawa respondeu impondo direitos aduaneiros sobre determinados produtos do país vizinho.
Independentemente do tratado de livre-comércio de América do Norte (T-MEC), Donald Trump fez das tarifas aduaneiras a coluna vertebral de sua política econômica durante a última campanha eleitoral.
Na quarta-feira, ele conversou com a presidente mexicana Claudia Sheinbaum, mas sua chamada telefônica gerou interpretações divergentes.
Trump garantiu que a mandatária mexicana havia acordado “conter a imigração ilegal” para os Estados Unidos. Sheinbaum, contudo, contradisse essa afirmação e lembrou que a posição do México “não é fechar fronteiras”.
Ela também ameaçou aumentar as tarifas aduaneiras mexicanas sobre os produtos americanos.
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