Em geral, ano eleitoral traz apreensões para investidores e empresários, já que costuma ser ano de relativa paralisia, de promessas vagas e de instabilidade econômica. Não há, por parte de muitos candidatos, preocupação com a consequência que suas falas podem ter sobre a economia do País. Apesar de o governo ter divulgado uma lista com 45 projetos prioritários para 2022 – como licenciamento ambiental, reforma tributária, temas de infraestrutura, privatização dos Correios –, sabe-se que poucos itens terão avanço concreto este ano por conta do pleito de outubro. Em ano de eleições, geralmente a atividade legislativa vai apenas até meados de maio. Depois o calendário eleitoral passa a ser a prioridade no Congresso Nacional ao longo de quase todo o segundo semestre. Há, porém, quem defenda a votação de temas que, se aprovados, trariam enormes prejuízos para o País.

Em época de campanha, muitos candidatos aproveitam para exagerar na verborragia e fazer propostas que envolvem retrocessos em diversas áreas

Em especial do ponto de vista fiscal. A tentação por aumento de gasto cresce consideravelmente, mas o objetivo maior é causar desgaste para quem está no governo e, se possível, colher dividendos eleitorais. Não à toa a lei eleitoral impõe uma série de restrições aos detentores de cargos públicos. Mas se, por um lado, as restrições evitam o uso da máquina pública em benefício próprio ou de aliados, por outro, acabam também travando ações fundamentais para que a economia possa destravar. Em época de campanha, muitos candidatos aproveitam para exagerar na verborragia e fazer propostas que envolvem retrocessos em várias áreas, além de promessas absolutamente inexequíveis. Outros se preocupam bem mais em falar para os próprios públicos do que apresentar propostas realistas, sensatas e que possam efetivamente mudar o País de patamar.

A defesa de propostas populistas, daquilo que o povo gostaria de ouvir,
e não necessariamente do que o Brasil precisa para se desenvolver de forma sustentável, acaba tendo espaço privilegiado na agenda dos candidatos. Após vencerem as eleições, porém, eles culpam a falta de apoio político por não executarem as tais propostas mirabolantes. A culpa é sempre do outro e nunca de quem apresentou iniciativas com baixíssima viabilidade política de avanço. O resultado desse quadro acaba sendo um ambiente que adia investimentos, que gera imensa instabilidade na nossa moeda e que afasta investidores. Vivemos, portanto, um ciclo constante de instabilidade, onde o que mais vale é o projeto de poder para vencer a eleição. E não a estabilidade política, econômica e social do País.