A cidade de Khan Yunis, no sul de Gaza, foi palco de intensos combates nesta sexta-feira (26), dia em que a Corte Internacional de Justiça (CIJ) deve emitir a sua primeira decisão sobre a denúncia que acusa Israel de “genocídio” neste território palestino.

O órgão judicial máximo das Nações Unidas, com sede em Haia, tem o poder de ordenar a Israel que cesse a sua ofensiva militar contra Gaza, embora não tenha meios para garantir a sua aplicação.

Enquanto se aguarda esta decisão, a comunidade internacional manifestou preocupação com a população do sul da Faixa de Gaza, especialmente Khan Yunis, onde o fogo de um tanque matou 13 pessoas em um abrigo de uma agência da ONU.

Esta ação provocou a condenação dos Estados Unidos, França e Alemanha, que afirmaram estar “extremamente preocupados” com a “situação desesperada” dos civis em Khan Yunis.

“Tentamos sair, mas quando olhei para fora, vi os tanques de assalto disparando. Como poderíamos sair?”, disse Ahmad Katra, ferido neste incidente, à AFP no hospital.

“Disseram-nos que era um lugar seguro, mas no final do dia nos atacaram em uma instalação da ONU”, lamentou.

Segundo um jornalista da AFP, os bombardeios são incessantes desde quinta-feira nesta grande cidade do sul de Gaza, onde o Exército israelense suspeita que a liderança local do Hamas esteja escondida.

O Ministério da Saúde do Hamas relatou, nesta sexta-feira, 120 mortes no território palestino durante a noite e intensos confrontos perto do hospital Nasser em Khan Yunis.

– “Maré humana” –

Os combates levaram milhares de pessoas de Khan Yunis a Rafah, uma cidade na fronteira com o Egito que já acolhe a maior parte dos 1,7 milhão de habitantes de Gaza deslocados pela guerra.

“Uma maré humana é forçada a fugir de Khan Yunis para ir até a fronteira com o Egito”, disse à noite o comissário da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini.

O Exército israelense afirma ter “cercado” Khan Yunis, a cidade natal de Yahya Sinwar, o líder do Hamas em Gaza, que Israel considera o mentor do ataque de 7 de outubro no seu território que desencadeou a guerra.

O ataque deixou cerca de 1.140 mortos em Israel, a maioria civis, segundo contagem da AFP baseada em dados oficiais do país.

Cerca de 250 pessoas foram raptadas, das quais cerca de uma centena foram libertadas durante uma trégua no final de novembro.

Israel prometeu “aniquilar” o Hamas, no poder em Gaza desde 2007, e lançou uma vasta operação militar que deixou 25.900 mortos, a maioria mulheres, crianças e adolescentes, segundo o Ministério da Saúde do movimento islamista.

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