Autores de diversas pesquisas sobre desenvolvimento regional receberam, nesta terça-feira (5) o Prêmio Celso Furtado, uma iniciativa do Centro Celso Furtado e do Ministério da Integração Nacional. O objetivo do prêmio, que está na quarta edição, é incentivar a elaboração e execução de planos que levem em conta potencialidades e realidades locais.

Celso Furtado, que dá nome ao prêmio, foi um destacado pensador e economista brasileiro. Criador da Sudene, ele foi ministro do Planejamento (1962-1964) e da Cultura (1986-1988).

“A única maneira de reduzir o hiato da pobreza é o investimento em conhecimento, dos mais simples aos mais complexos”, afirmou o secretário executivo da Integração Nacional, Márcio Ramos. Já o secretário do Desenvolvimento Regional do órgão, Marlon Cambraia, defendeu a incorporação dos conhecimentos às políticas públicas do país. Para que tal apropriação comece a ocorrer, os trabalhos serão disponibilizados na página do ministério na Internet.

A quarta edição do Prêmio Celso Furtado de Desenvolvimento Regional teve mais de 400 trabalhos inscritos em seis categorias: produção de conhecimento acadêmico; práticas exitosas de produção e gestão institucional; projetos inovadores para implantação no território; Amazônia – tecnologia e Inovações para o Plano Regional de Desenvolvimento da Amazônia (PRDA); Centro-Oeste – desenvolvimento para a faixa de fronteira; e Nordeste – inovação e sustentabilidade. O prêmio para o primeiro e o segundo colocados das seis categorias foi de R$ 15 mil e R$ 10 mil, respectivamente.

Primeiro lugar na principal categoria, a de Produção de Conhecimento Acadêmico, o servidor público e pesquisador Vitarque Lucas Paes Coelho disse que os prêmios “incentivam o sonho de fazer um Brasil melhor, com mais oportunidade de desenvolvimento em todo o país”. Baseando-se nas teses do pensador e economista Celso Furtado, criador da Sudene, Coelho destacou que os brasileiros vivem em um território “imenso em suas desigualdades” e que é preciso fazer o país crescer. Para ele, “não é suficiente apenas o crescimento, mas sim o desenvolvimento”, o que envolve progresso técnico, sustentabilidade e transformação.

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Milton Santos

A quarta edição do prêmio homenageou o geógrafo Milton Santos, intelectual negro que ultrapassou fronteiras nacionais, tendo sido reconhecido em diversos países, ao defender um conhecimento interdisciplinar e útil à superação das desigualdades. É de Milton Santos o conceito de território como espaço produzido por relações sociais, bem como a ideia da globalização como um processo em disputa, o qual pode resultar em fábula ou perversidade.

A atualidade de pensamento do geógrafo foi ressaltada por seu neto, o doutorando Arlei Santos, que representou a família durante a homenagem. Ariel destacou as teses do avô sobre a importância de um esquema de desenvolvimento que considere os interesses nacionais e locais e acrescentou que o prêmio deve servir parar “estimular o pensamento acadêmico, sobretudo de vertente crítica, sobre modelo de desenvolvimento”. O pesquisador disse esperar que conceitos como solidariedade e igualdade, que nortearam a obra de Santos, possam “voltar a reger os rumos do país”, na busca da superação das desigualdades.

Durante o evento, foi exibido trecho do documentário Milton Santos – O Mais Importante Geógrafo do Brasil, produzido pela TV Brasil, da EBC, em 2011, que resume a trajetória do intelectual. Nesta terça-feira (5), foi anunciado também o nome do homenageado na próxima edição do Prêmio Celso Furtado, em 2019:  o médico Josué de Castro, escritor e ativista brasileiro do combate à fome, que considerava “uma verdadeira catástrofe social”. Por seus trabalhos que vasculham a história do Brasil, Castro recebeu três indicações ao Prêmio Nobel.

Premiados

Na categoria produção do conhecimento acadêmico, o vencedor foi Vitarque Lucas Paes Coelho, com o trabalho A Esfinge e o Faraó: a Política Regional do Governo Lula (2003-2010). Em segundo lugar, ficou Beatriz Macchione, com a pesquisa Comércio Ecologicamente Desigual no Século XXI: Evidências a Partir da Inserção Brasileira no Mercado Internacional de Minério de Ferro. Com o tema  práticas exitosas de produção e gestão institucional, os premiados foram Siidarta Tollendal Gomes Ribeiro e Kerstin Erika Schmidt, com o trabalho Internacionalização e Regionalização da Ciência no Instituto do Cérebro da UFRN, e Ana Maria Costa, Fábio Gelape Faleiro, Geraldo Magela Gontijo e Fátima Cecilia Paim Kaiser Cabral, com o estudo Trabalho: Geração Tecnológica Integrada para Uso Sustentável da Biodiversidade: Maracujá Pérola.

Na categoria projetos inovadores para implantação no território, os vencedores foram Rebert Coelho Correia, Marcelino Lourenço Ribeiro e José Nilton Moreira, com Lago de Sobradinho: Plantando o Desenvolvimento Regional, e Luciano Charlita de Freitas, Leonardo Euler de Moraes e Renato Couto Ramposo, com Uso da Banda Larga Satelital para Universalização do Acesso à Banda Larga e como Indutor de Redução das Desigualdades Regionais. A categoria Amazônia – tecnologia e inovações para o Plano Regional de Desenvolvimento da Amazônia (PRDA) premiou os trabalhos de Jonas da Silva Gomes Júnior, ONGs Transnacionais e os Sentidos de Sustentabilidade Amazônica: Imaginários, Discurso e Poder, e Armando Araújo de Souza Júnior e Ricardo Silveira Martins, Avaliação de Políticas Industriais de Formação de Polos e Zonas Francas sob o Paradigma de Cadeias de Suprimentos.

A quinta categoria, Centro-Oeste – desenvolvimento para a faixa de fronteira; e Nordeste – inovação e sustentabilidade, teve como vencedores Maurício Munhos Ferraz, com o estudo Agroecologia nas Fronteiras, e Caroline Krüger Guimarães e Fábio Henrique Corrêa Bogado Guimarães, com Fronteira Centro-Oeste: Proposta de uma Plataforma Digital de Soluções Compartilhadas para o Desenvolvimento Transfronteiriço. Na sexta categoria, Nordeste, foram premiados os trabalhos Implantação do Serviço Territorial de Apoio à Agricultura Familiar (Setaf) e dos Serviços Municipais de Apoio à Agricultura Familiar (Semaf) na Bahia, de Wilson José Vasconcelos Dias, e Programa de Estudos e Ações para o Semiárido – Transformando Vidas na Terra de Celso Furtado, de Mônica Tejo Cavalcanti.

A lista completa dos selecionados, inclusive os que receberam menção honrosa, está disponível no site do prêmio.


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