CAIRO, 02 MAI (ANSA) – O primeiro-ministro do governo de união nacional da Líbia, Fayez al Sarraj, e o general Khalifa Haftar, que controla territórios no leste do país, chegaram a um acordo para realizar eleições presidenciais e parlamentares até março de 2018.
O pacto foi concordado em uma reunião entre os dois em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, que apoiam as forças de Haftar, assim como a Rússia e o Egito. Segundo a imprensa local, o general e Sarraj também teriam chegado a um acordo para dissolver todas as milícias irregulares e para lutar contra o terrorismo.
Além disso, o pacto prevê que as Forças Armadas sejam submetidas a um conselho formado pelo presidente do Parlamento de Tobruk (Aghila Saleh), pelo presidente do governo de união nacional (Sarraj) e pelo comandante do Exército, cargo que será dado a Haftar.
O acordo só foi possível porque o general estava sendo bastante pressionado pelos países que o apoiam para se sentar com Sarraj e colocar fim às divisões na Líbia. Em fevereiro passado, a agência de notícias estatal do Egito havia anunciado um pacto para realizar eleições em 2018, mas a notícia acabou desmentida por aliados de Haftar.
Sarraj, baseado na capital Trípoli, é o chefe de um governo de união nacional chancelado pelas Nações Unidas e fruto de um acordo assinado em dezembro de 2015, no Marrocos. Contudo, o gabinete não é reconhecido por Haftar, que tem sua fortaleza em Tobruk e representa as forças contrárias ao islã político.
O atual premier aceitaria integrar Haftar a seu governo, desde que ele fosse subordinado a um poder civil, mas o general, que comanda um conjunto de milícias chamado de Exército Nacional Líbio, pleiteia ter plena autonomia.
Apesar de ser reconhecido pela comunidade internacional, Sarraj convive com a constante ameaça de um golpe, e não apenas por parte do grupo fiel a Haftar. Nos últimos meses, Khalifa al Ghwell, primeiro-ministro do gabinete rebelde islâmico que comandou Trípoli entre 2014 e 2016, liderou pelo menos duas tentativas de expulsar o premier da capital.
Ele comanda milícias inspiradas na Irmandade Muçulmana que, por sua vez, também são adversárias de Haftar. (ANSA)