Premier do Iraque pede para EUA prepararem retirada

BEIRUTE, 10 JAN (ANSA) – O primeiro-ministro do Iraque, Adel Abdul-Mahdi, pediu para os Estados Unidos enviarem uma delegação a Bagdá para começar a preparar a retirada das tropas americanas do país.   

O anúncio foi feito pelo gabinete de Abdul-Mahdi, que conversou por telefone com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, na noite da última quinta-feira (9).   

Segundo o governo, o premier solicitou o envio de “delegados para estabelecer os mecanismos para implantar a decisão parlamentar” de retirar as forças americanas do Iraque.   

A resolução do Parlamento foi aprovada no último fim de semana, após a morte do general iraniano Qassem Soleimani em um ataque aéreo dos EUA no aeroporto de Bagdá, e exige a saída das tropas da coalizão internacional liderada por Washington.   

Atualmente, cerca de 5,2 mil soldados americanos estão alocados no Iraque para ajudar as forças locais no combate ao Estado Islâmico (EI). A coalizão está presente no país desde 2014, a convite do governo, mas a parceria nunca foi ratificada pelo Parlamento iraquiano.   

Comandantes americanos chegaram a enviar uma carta a Bagdá afirmando que já estavam preparando a retirada, mas o Pentágono disse mais tarde que o texto era um “rascunho enviado por engano”.   

O ataque que matou Soleimani causou revolta no Iraque, e a possível retirada das tropas dos EUA seria uma vitória para o Irã, que tem o país vizinho em sua zona de influência.   

Milhares de manifestantes saíram às ruas de Bagdá nesta sexta (10) para protestar contra os Estados Unidos, mas também contra o Irã, acusando os dois países de jogarem o Iraque no caos. Após a morte de Soleimani, Teerã lançou um ataque de mísseis contra duas bases usadas por americanos.   

Movimentos populares pedem a retomada da mobilização de outubro e novembro de 2019, que mirava o desemprego, a corrupção e a baixa qualidade dos serviços públicos. Os protestos do fim do ano passado causaram a renúncia de Abdul-Mahdi, que hoje governa como primeiro-ministro demissionário. (ANSA)