O premier do Haiti, Joseph Jouthe, convocou o novo ministro da Justiça, que tomou posse hoje, a dialogar com os manifestantes, pacíficos, cujas mobilizações em frente ao ministério foram reprimidas com violência pela polícia recentemente.

“Quando as pessoas vêm se manifestar aqui, não vêm brigar. Elas necessitam ser ouvidas com compreensão. Esta população já foi muito desprezada”, disse Jouthe.

Na última segunda-feira, a polícia dispersou de forma brutal uma manifestação de cidadãos que acontecia em frente ao Ministério da Justiça. Eles diziam que, devido à insegurança, tinham uma expectativa de vida “de 24 horas renováveis”. Uma semana antes, a polícia impediu uma primeira tentativa de manifestação, ao perseguir um grupo de pessoas, das quais arrancou cartazes.

Durante vários anos, a maioria dos bairros operários de Porto Príncipe permaneceu fora do controle da polícia. Próximas ao palácio presidencial, Parlamento e gabinete do premier, estas áreas foram palco de disputas entre grupos criminosos.

Em maio e junho passados, a Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos registrou 54 homicídios apenas na capital haitiana. “Não pode continuar havendo uma violência contínua neste país”, disse o presidente Jouthe hoje, ao apresentar o novo responsável pela pasta da Justiça, Rockefeller Vincent.

Em mensagem enviada à AFP, o Escritório Integrado das Nações Unidas no Haiti, uma missão política especial, expressou “preocupação com o uso de armas de baixa letalidade, incluindo gás lacrimogêneo, contra manifestantes pacíficos”.