O primeiro-ministro de Trinidad e Tobago, Keith Rowley, assegurou nesta quarta-feira (25) que o país está sob “ataque” de migrantes ilegais que “usam crianças inocentes”, após ter sido alvo de críticas contra a deportação de menores venezuelanos.

“Trinidad e Tobago está atualmente sob o último ataque, usando pessoas sem nome e sem rosto, armadas com crianças inocentes para tentar nos obrigar a aceitar” o status de “refugiado”, publicou Rowley em sua conta no Twitter, em alusão à controvérsia pela deportação pelo mar de 16 menores da Venezuela no domingo passado, que foram posteriormente devolvidos à ilha por ordem judicial.

O primeiro-ministro questionou que, com base em tratados internacionais, se espere que “uma pequena nação insular de 1,3 milhão de habitantes mantenha as fronteiras abertas com um vizinho” de “34 milhões de habitantes, inclusive durante uma pandemia”.

Na primeira reação do governo de Nicolás Maduro desde que a polêmica surgiu, o chanceler Jorge Arreza pediu nesta quarta um encontro com autoridades de Trinidad e Tobago.

“Convocamos (…) uma reunião necessária de trabalho para revisar temas de segurança, mobilidade humana, luta contra a delinquência e narcotráfico”, publicou o funcionário no Twitter.

Rowley, aliado do governo chavista, acusou a Organização de Estados Americanos (OEA) de uma “guerra” contra Trinidad e Tobago por “ter a temeridade” de não se unir às políticas da administração do presidente em fim de mandato dos Estados Unidos, Donald Trump, “para forçar uma violenta troca de regime na Venezuela”.

O primeiro-ministro trinitino disse que abrir as fronteiras sem restrições traria “todo migrante econômico, traficante de armas, traficante de drogas, traficante de seres humanos e líder de gangue sul-americano” na figura de “refugiado”.

A deportação de menores venezuelanos gerou “preocupação” na Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).

A ONG de defesa dos direitos humanos venezuelana Foro Penal anunciou ter solicitado à CIDH “medidas de proteção para tentar evitar uma nova deportação”, disse nesta quarta à AFP o ativista Orlando Moreno.

Ao serem encontrados depois de horas em alto mar, os menores foram devolvidos a Trinidad e Tobago por decisão de um tribunal.

Moreno, que rejeitou o que qualificou como uma “atitude hostil” de Rowley, divulgou um vídeo no qual mulheres e crianças aparecem em colchonetes no chão, entre grades, assegurando que se tratavam de migrantes venezuelanos após terem sido novamente postos sob custódia das autoridades trinitinas.

A ONU estima que mais de cinco milhões de venezuelanos tenham deixado o país desde 2015, forçados a emigrar pela profunda crise no país, 25.000 deles rumo a Trinidad e Tobago. Rowley afirma que seu país facilitou o registro de 16.000.