02/12/2019 - 11:32
VALETA E ROMA, 02 DEZ (ANSA) – O primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, anunciou neste domingo (1º) que renunciará ao cargo depois de 12 de janeiro, quando sua legenda, o Partido Trabalhista, iniciará o processo para escolher um novo líder.
A decisão é consequência da crise política deflagrada pelas investigações sobre o assassinato da jornalista Daphne Caruana Galizia, morta em um atentado a bomba em 16 de outubro de 2017.
“É disso que o país precisa neste momento”, declarou Muscat em um discurso em rede nacional de rádio e TV. “Prometi justiça no caso de Daphne Caruana Galizia e mantive minha palavra, temos três pessoas acusadas pelo seu homicídio e o suposto mentor incriminado”, acrescentou.
Já nesta segunda-feira (2), o primeiro-ministro, que está no poder desde 2013, explicou que seu governo se limitará à “gestão de assuntos correntes”. Malta é palco de protestos contra o governo há quase 10 dias, após a prisão do empresário Yorgen Fenech, suspeito de ser o mandante do atentado.
Galizia tinha 53 anos e ganhara notoriedade com reportagens sobre o escândalo “Malta Files”, que havia revelado como esse pequeno país insular serve de base para esquemas de evasão fiscal na União Europeia.
Uma de suas investigações revelou que Fenech é dono da 17 Black, companhia sediada em Dubai e que, em 2013, teria pagado propinas a membros do governo para construir uma central elétrica.
Os subornos teriam sido destinados a duas empresas offshore no Panamá supostamente atribuídas ao chefe de Gabinete de Muscat, Keith Schembri, e ao ministro do Turismo Konrad Mizzi, que na época chefiava a pasta de Energia. Ambos renunciaram aos cargos na semana passada.
O empresário chegou a pedir perdão judicial, mas Muscat recusou.
Até agora, a polícia já prendeu três homens suspeitos de serem os autores materiais do atentado: Vince Muscat (que não é parente do premier) e os irmãos Alfred e George Degiorgio.
O taxista Melvin Theuma foi intermediário entre os assassinos e o mandante, mas ganhou perdão judicial para colaborar com o inquérito e vive sob escolta. (ANSA)