ROMA, 17 SET (ANSA) – O primeiro-ministro do governo de união nacional na Líbia, Fayez al-Sarraj, anunciou nesta quarta-feira (16) sua intenção de renunciar ao cargo até o final de outubro.
Em um discurso transmitido na TV estatal, o político disse esperar que um novo executivo possa completar a difícil transição política do país, castigado durante anos por uma guerra civil contra as milícias lideradas pelo marechal Khalifa Haftar, que controlam o leste da Líbia. “Declaro meu desejo sincero de entregar minhas funções à próxima autoridade executiva o mais tardar no final de outubro”, disse ele.
Segundo al-Sarraj, a expectativa é de que o “comitê de diálogo conclua seu trabalho e escolha um novo conselho presidencial e primeiro-ministro”.
Entenda a crise – A Líbia se fragmentou politicamente após a queda de Muammar Kadafi, em 2011, e desde então é palco de conflitos entre milícias.
De um lado, está o governo de união nacional guiado por Sarraj e apoiado pelos grupos armados de Trípoli e Misurata e pela ONU; do outro, o Parlamento de Tobruk, fiel a Haftar, que tem apoio declarado do Egito e dos Emirados Árabes Unidos, além da aliança tácita com a Rússia.
O marechal e o Parlamento de Tobruk não reconhecem a legitimidade do governo Sarraj – instituído por uma conferência de paz no Marrocos, em 2015 – e controlam a maior parte do país, principalmente o leste e o desértico sul.
Ex-aliado de Kadafi, Haftar ajudou o coronel a derrubar o rei Idris, em 1969, mas rompeu com o ditador em 1987, após ter sido capturado no Chade. De lá, guiou, com o apoio da CIA, um fracassado golpe contra Kadafi. Por duas décadas, viveu como exilado nos Estados Unidos e ganhou cidadania americana. (ANSA)