VENEZA, 14 NOV (ANSA) – O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, anunciou nesta quinta-feira (14) as primeiras medidas econômicas para ajudar a cidade de Veneza, após ser devastada pela pior enchente dos últimos 50 anos. “No que diz respeito à recuperação de danos há duas fases: a primeira permitirá que indivíduos e operadores comerciais sejam compensados até um limite de 5 mil [euros] para particulares e 20 mil para comerciantes”, explicou o premier italiano.   

A decisão foi tomada ontem (13) durante reunião técnica com a ministra das Infraestruturas da Itália, Paola De Micheli, com o governador do Vêneto, Luca Zaia, com o prefeito de Veneza, Luigi Brugnaro, e com membros da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros.   

“Esse dinheiro pode chegar imediatamente. Então, quem tiver os danos mais graves, nós os ressarciremos com mais calma e, obviamente, por trás das investigações técnicas, eles também poderão ser liquidados pelos maiores”, acrescentou. Conte ressaltou que também pretende concluir mais uma rodada de conversas com moradores da região que estão sofrendo essa “situação dramática”, principalmente os que vivem na ilha de Pellestrina, a mais devastada pela maré alta e onde morreram duas pessoas, para entender a situação. “Minha impressão é que realmente há um grande desconforto. Hoje conversei com um vendedor de jornais que viu sua banca afundar no canal Giudecca, perdendo tudo. Você pode imaginar o que significa para quem tem um negócio ver o mundo inteiro desabar debaixo d’água?”, disse.   

Nesta tarde, o premier da Itália ainda participará de mais uma reunião, na qual as autoridades vão adotar o decreto que declara estado de emergência para Veneza, o que permitirá disponibilizar as primeiras alocações financeiras para ajudar a restaurar a funcionalidade dos serviços. O fenômeno -chamado em italiano de “acqua alta” – dessa vez atingiu a máxima de 1,87m no último dia 12 de novembro, fazendo Veneza enfrentar um cenário de destruição. O município ainda vai contabilizar os danos dos alagamentos, mas a expectativa é de que sejam avaliados em centenas de milhões de euros. Brugnaro já havia afirmado que a “La Serenissima” precisa imediatamente de apoio e recursos financeiros para gerenciar a situação e preservar o patrimônio cultural.   

Diante disso, Conte também anunciou que o Comitê Interministerial para a proteção de Veneza será realizado em 26 de novembro. “Discutiremos a governança para os problemas estruturais de Veneza, grandes navios, Mose e maior coordenação entre as autoridades competentes”. Sobre o Mose – acrônimo para Módulo Experimental Eletromecânico -, um projeto de engenharia civil e hidráulica ainda em fase experimental que deveria proteger Veneza da maré alta, o premier informou que o governo pretende integrar a “nomeação do Consorzio Veneza Nova, além de consultar uma autoridade hídrica competente” “Precisamos coordenar melhor o trabalho desses diferentes órgãos. A nomeação do comissário já está lá, estamos formalizando”, finalizou.   

Para o prefeito de Veneza, é primordial que o Mose seja finalizado, porque “a água não para com mãos ou discurso”. O projeto, que começou a ser debatido em 1984, prevê a construção de 78 comportas do tipo basculante, posicionadas em pontos que se conectam com o Mar Adriático. As obras começaram em 2003, mas uma investigação anticorrupção em 2014 atrasou a construção. (ANSA)

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