A comunidade internacional deve usar sua “força militar” caso o Irã desenvolva armas nucleares, disse nesta quinta-feira (22) à ONU o primeiro-ministro israelense, Yair Lapid, que por outro lado reiterou seu apoio à criação de um Estado palestino “pacífico”.

Nos últimos meses, Israel levou adiante uma intensa ofensiva diplomática para tentar convencer os Estados Unidos e as principais potências europeias, como Inglaterra, França e Alemanha, a não renovar o acordo nuclear de 2015 com o Irã.

Durante os últimos 10 dias, vários funcionários sugeriram a renovação do acordo até ao menos meados de novembro, uma data limite que Lapid tem tentado usar para pressionar o Ocidente a usar uma abordagem mais dura em suas negociações.

“A única forma de evitar que o Irã tenha armas nucleares é colocar sobre a mesa uma ameaça militar crível”, afirmou Lapid em um discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas. Só então seria possível negociar um “acordo maior e mais forte com eles”.

“É preciso deixar claro ao Irã que se avançar em seu programa nuclear, o mundo não responderá com palavras, mas sim com força militar”, acrescentou. E não escondeu que Israel estaria disposto a participar caso se sinta ameaçado.

Lapid acusou os líderes de Teerã de dirigir uma “orquestra de ódio” contra os judeus e disse que os ideólogos do Irã “odeiam e matam os muçulmanos que pensam diferente, como Salman Rushdie e Mahsa Amini”, a jovem cuja morte sob custódia da polícia moral iraniana desencadeou protestos em toda a República Islâmica.

Israel, que considera o Irã seu principal inimigo, também acusa Teerã de financiar o Hezbollah libanês e o Hamas palestino, dois movimentos armados estabelecidos nas fronteiras do Estado judeu.

Apesar dos obstáculos, disse Lapid, um “acordo com palestinos, baseado em dois Estados para dois povos, é o correto para garantir a segurança de Israel, para a economia de Israel e para o futuro de nossos filhos”.

Lapid, em meio a uma campanha eleitoral, afirmou que a “grande maioria” dos israelenses apoia uma solução de dois Estados.

“Só temos uma condição: que o futuro Estado palestino seja pacífico”, acrescentou o primeiro-ministro, cujo discurso na ONU já estava sendo criticado por seus rivais políticos em Israel.

As negociações de paz entre israelenses e palestinos estão estagnadas desde 2014.