O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, pediu ao Congresso americano, nesta quinta-feira (11), que supere suas “inseguranças” sobre a liderança global dos Estados Unidos, que considerou “indispensável” para manter a ordem mundial e enfrentar potenciais ameaças, referindo-se ao crescente poder da China.

Kishida fez um discurso durante uma sessão conjunta da Câmara dos Representantes (baixa) e do Senado em meio à sua visita oficial aos Estados Unidos. O Congresso americano está fortemente dividido em várias questões entre republicanos e democratas.

Ao alertar sobre os “riscos” decorrentes do desenvolvimento progressivo da China em várias áreas e seu maior poderio, Kishida afirmou que o Japão, despojado do seu direito de ter um exército após a sua derrota na Segunda Guerra Mundial, estava determinado a fazer mais para compartilhar a responsabilidade com o seu aliado Estados Unidos.

“A ordem internacional na qual os Estados Unidos trabalharam durante gerações enfrenta novos desafios, desafios daqueles com valores e princípios muito diferentes dos nossos”, ressaltou.

O premiê disse que percebeu “uma corrente subjacente de dúvidas entre alguns americanos sobre qual deveria ser o seu papel no mundo” e que compreendia “o cansaço de ser o país que manteve a ordem internacional quase por si só”, mas que isso deve persistir.

“A liderança dos Estados Unidos é indispensável”, defendeu Kishida.

“Sem o apoio dos Estados Unidos, quanto tempo demorará até que as esperanças da Ucrânia sejam frustradas pela invasão de Moscou? Sem a presença dos Estados Unidos, quanto tempo demorará até que o Indo-Pacífico enfrente realidades ainda mais duras?”, perguntou-se.

Embora Kishida tenha sido cuidadoso em não se envolver na política interna dos EUA, o seu discurso surge em um momento de impasse no Legislativo americano sobre a aprovação de um pacote adicional de assistência militar bilionária à Ucrânia.

Os republicanos mais radicais, alinhados com o ex-presidente e candidato presidencial Donald Trump, têm colocado pressões e obstáculos, já que procuram, em troca, um endurecimento da política migratória.

Na quarta-feira, o premiê japonês se reuniu com o presidente Joe Biden e eles se comprometeram a intensificar a cooperação, inclusive com novas defesas aéreas tripartidas na região do Pacífico envolvendo a Austrália.

A principal preocupação desses países é o fortalecimento do poder de Pequim e sua potencial mobilização militar.

As ações militares da China “representam um desafio sem precedentes e o maior desafio estratégico não apenas para a paz e segurança do Japão, mas para a paz e segurança de toda a comunidade internacional”, afirmou Kishida aos legisladores americanos.

As autoridades chinesas reagiram com veemência ao anúncio feito na quarta-feira sobre uma cooperação militar mais estreita EUA-Japão.

“Os Estados Unidos e o Japão, ignorando as sérias preocupações da China, difamaram e atacaram a China em questões relacionadas a Taiwan e assuntos marítimos”, disse Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, em coletiva de imprensa.

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