Premiê da Itália pede que flotilha interrompa missão em Gaza

ROMA, 30 SET (ANSA) – A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, pediu nesta terça-feira (30) para a Flotilha Global Sumud (GSF), que planeja furar o cerco israelense contra a Faixa de Gaza e levar ajuda humanitária para a população civil, aceite sua proposta e desista para evitar comprometer o plano de seu aliado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para encerrar a guerra entre Israel e o Hamas.   

A missão com cerca de 50 embarcações se encontra a menos de 200 milhas náuticas (370 quilômetros) do litoral de Gaza e está perto de entrar na área marítima onde ficará sujeita a interceptações de Israel, que, nos últimos meses, prendeu ativistas em barcos humanitários em águas internacionais e depois os deportou.   

A Flotilha Global Sumud, que inclui a ativista climática sueca Greta Thunberg e vários parlamentares italianos entre seus participantes, visa romper o bloqueio naval israelense ao território palestino e entregar ajuda vital à sua população, que, segundo a ONU, sofre de fome generalizada.   

Mas Meloni ? cujo governo enviou uma fragata para proteger a flotilha ? alertou que a “esperança” representada pelo plano de Trump, revelado na Casa Branca na segunda-feira (29), “repousa em um equilíbrio frágil que muitas pessoas ficariam felizes em destruir”.   

“Temo que a tentativa da flotilha de romper o bloqueio naval israelense possa servir de pretexto para isso”, disse a líder de extrema direita em um comunicado.   

“Por esta razão também, acredito que a flotilha deve parar agora e aceitar uma das várias propostas apresentadas para a transferência segura de ajuda”, acrescentou Meloni.   

Segundo a premiê italiana, “qualquer outra escolha corre o risco de se tornar um pretexto para impedir a paz, alimentar conflitos e, portanto, afetar sobretudo o povo de Gaza, a quem alega querer levar alívio”.   

Meloni destacou ainda que leu com espanto as palavras da flotilha, acusando-a de considerar civis desarmados e navios carregados de ajuda ‘um perigo'”. Para ela, a “verdade é simples: essa ajuda pode ser entregue sem riscos através dos canais seguros já existentes”.   

“Insistir em forçar um bloqueio naval significa tornar-se ? conscientemente ou não ? um instrumento daqueles que querem minar qualquer possibilidade de cessar-fogo. Portanto, poupem-nos dos sermões morais sobre a paz se o seu objetivo é a escalada. E não explorem a população civil de Gaza se vocês realmente não se importam com o destino dela”, ressaltou a premiê da Itália.   

Israel, cuja ofensiva em Gaza gerou ampla condenação internacional, acusou repetidamente a flotilha de ser uma operação do Hamas, sem fornecer justificativa. Inclusive, o governo de Benjamin Netanyahu ordenou à flotilha que entregasse a ajuda a um porto israelense, prometendo que ela seria transferida para Gaza pelas autoridades israelenses.   

No entanto, a flotilha se recusou a fazer isso. Tendo zarpado de Barcelona no início deste mês, a flotilha poderá alcançar o bloqueio naval israelense na noite de terça para quarta-feira (1º).   

O plano de Trump, apoiado por Netanyahu, prevê um cessar-fogo, a libertação dos reféns feitos pelo Hamas em 72 horas, o desarmamento dos militantes palestinos e uma retirada gradual de Israel de Gaza. Isso seria seguido por uma autoridade de transição pós-guerra chefiada pelo próprio republicano. (ANSA).