ROMA, 11 MAI (ANSA) – O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, defendeu nesta quarta-feira (11) a necessidade da comunidade internacional começar a construir a paz na Ucrânia e disse que a Rússia não é mais tão poderosa na guerra iniciada em 24 de fevereiro.   

A declaração foi dada durante uma entrevista coletiva na embaixada italiana em Washington depois da visita de Draghi ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na Casa Branca. No encontro, os dois líderes debateram a guerra na Ucrânia, as consequências econômicas do conflito e as negociações de paz.   

“Nesta reunião concordamos que devemos apoiar a Ucrânia mas também devemos começar a falar sobre paz. E devemos ser a paz que a Ucrânia deseja”, disse o premiê, acrescentando que o encontro “correu muito bem”.   

Draghi e Biden concordaram que é preciso continuar “a apoiar a Ucrânia e a exercer pressão sobre Moscou”, mas também se perguntar “como se constrói a paz”.   

“O caminho de negociação é muito difícil, mas o primeiro ponto é como construir esse caminho de negociação, deve ser uma paz que a Ucrânia quer, não uma paz imposta”, explicou.   

De acordo com o chefe de governo da Itália, a “guerra mudou de cara, inicialmente era uma guerra em que se pensava que havia um Golias e um David, essencialmente de uma defesa desesperada que também parecia falhar, mas hoje o cenário virou completamente de cabeça para baixo, e certamente não existe mais um Golias”.   

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“O que parecia um poder invencível em campo e com armas convencionais se mostrou não invencível”, enfatizou.   

O premiê lembrou que, no início da guerra, foi dito no Parlamento que a Itália tinha que ter um papel e ele respondeu “que não devemos procurar um papel, devemos buscar a paz”. “Quem quer que sejam as pessoas envolvidas, o importante é que busquem paz, não declarações tendenciosas”, disse.   

Durante o encontro, os dois líderes também conversaram sobre a crise alimentar causada pelo bloqueio de vários grãos da Ucrânia porque os portos estão bloqueados”, que, segundo o ministros das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, estão barrados porque os portos estão sendo minados.   

Em relação à retomada da Ucrânia após a guerra, o italiano enfatizou que “a UE deve dar uma resposta coletiva para a reconstrução” do país, principalmente porque “os países individuais não têm recursos”, mas garantiu que “a Itália fará sua parte junto com os outros”.   

“Até hoje, não vejo recessão este ano: a razão é que terminamos o ano passado muito bem e carregamos conosco o crescimento adquirido. Parece-me muito difícil que possa haver uma recessão este ano”, explicou. “É uma situação de grande incerteza mas não podemos dizer que vai piorar para toda a economia”.   

Energia – Na coletiva em Washington, Draghi voltou a falar sobre o problema dos preços da energia e reforçou que “a Itália está fazendo muito para alcançar a independência do gás russo”.   

Em sua reunião com Biden, ele defendeu a necessidade de impor “um teto no preço do gás, uma hipótese bem-vinda, mesmo que o governo dos EUA esteja refletindo mais sobre um teto no preço do petróleo”.   

Na ocasião, os dois decidiram que vão “falar sobre isso em breve”, tendo em vista que “no mercado de energia as distorções são muito fortes na UE”. “Na UE devemos concordar e como você sabe as opiniões não são unânimes, mas sobre isso continuaremos avançando”.   

Segundo Draghi, “os bancos centrais devem aumentar as taxas, mas se aumentarem demais, fazem com que o país entre em recessão, mas Lagarde tem plena consciência dessa dificuldade”.   

Para ele, a situação é muito diferente entre os EUA e a UE, porque, nos EUA, o mercado de trabalho é totalmente empregado, na Europa não, então o passo de normalização da política monetária será necessariamente diferente.   

“Nós, como governo, podemos tentar mitigar a perda de poder de compra nas categorias mais fracas”, acrescentou Draghi sobre o combate à inflação.   


Por fim, Draghi e Biden se comprometeram a trabalhar juntos nas crises globais, da Covid-19 às mudanças climáticas, bem como em continuar sua cooperação sobre os desafios comuns da política externa, incluindo China e Líbia.   

Esta é a primeira visita do premiê italiano a Washington desde que foi escolhido para liderar o governo no país europeu, em fevereiro de 2021. (ANSA)


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