ROMA, 27 AGO (ANSA) – O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, disse nesta sexta-feira (27) que a desigualdade na recuperação econômica global e o acesso “tremendamente desigual” às vacinas contra a Covid-19, especialmente na África, estão tornando mais difícil o fim da pandemia.   

A declaração foi dada durante discurso remoto na reunião da 3ª edição do Pacto do G-20 com a África. A iniciativa começou em 2017 sob a então presidência alemã do G-20, para promover o investimento privado, principalmente em infraestrutura, na África.   

Em seu pronunciamento, Draghi observou que cerca de 60% da população de países de alta renda recebeu pelo menos uma dose da vacina, enquanto que em nações de baixa renda, apenas 1,4% a receberam.   

O premiê da Itália, que detém a presidência rotativa do G20, também destacou a desigualdade na recuperação global, uma vez que “os governos não tiveram o mesmo espaço fiscal para mitigar o impacto da pandemia”.   

“As economias avançadas gastaram 28% de seu produto interno bruto de 2020 para impulsionar o crescimento. Os mercados emergentes e as economias de baixa renda gastaram apenas 7% e 2%. Essas diferenças aprofundam as desigualdades globais e tornam mais difícil para todos nós acabar com a pandemia”, explicou.   

Draghi lembrou que o programa Covax, no qual as nações mais ricas fornecem vacinas anti-Covid para países pobres, já despachou cerca de 210 milhões de doses, enquanto outra iniciativa, a Equipe de Tarefa de Aquisição de Vacinas da África está prestes a distribuir 400 milhões de vacinas no continente.   

“Esses números devem ser apenas um começo ”, disse o primeiro-ministro, acrescentando que “o G20 também lançou um pacote de medidas econômicas para ajudar os países em desenvolvimento a enfrentar a desaceleração”.   

No entanto, segundo o italiano, é preciso “fazer mais – muito mais – para ajudar os países que mais precisam”, além de reestruturar as dívidas dos países mais endividados. “O Quadro Comum do G20 pretende facilitar a reestruturação da dívida para países com dívida excessiva de uma forma abrangente e sustentável”, declarou.   

Durante seu discurso, ele destacou ainda a “resiliência aos impactos adversos” dos países que integram o “Pacto com África”, que “têm sido um farol de esperança nestes tempos sombrios”.   

“Sua resiliência aos choques adversos aumentou durante a pandemia, graças ao seu investimento na transformação verde e digital. Sua experiência nos diz que reformas ousadas, transformadoras e inclusivas valem a pena”, ressaltou.   

Por fim, Draghi enfatizou que, com a população mais jovem do mundo, a África é o futuro, apesar de “enfrentar enormes problemas políticos, econômicos e sociais” e ser “dramaticamente afetada pelas mudanças climáticas”. (ANSA)