05/08/2024 - 19:10
O primeiro-ministro britânico, o trabalhista Keir Starmer, prometeu, nesta segunda-feira (5), condenações “rápidas” depois da reunião de crise pelos distúrbios de ativistas da extrema direita após o assassinato de três menores.
Desde que começaram os confrontos, a polícia realizou mais de 378 prisões, segundo o NPCC, organismo que reúne os chefes das diversas forças policiais de todo o país.
É provável que esse número aumente à medida que os investigadores sigam identificando e prendendo os vândalos, alertou o presidente do NPCC, Gavin Stephens.
O primeiro-ministro prometeu que o governo vai “fortalecer a justiça criminal” para garantir sanções “rápidas” em um momento em que o país está chocado com as imagens de ataques a abrigos para solicitantes de asilo e mesquitas, saques a lojas e confrontos com a polícia.
A onda de violência eclodiu após um ataque a faca que resultou na morte de três meninas há uma semana, durante uma festa temática da cantora americana Taylor Swift em Southport, que depois se espalhou por todo o país.
Os distúrbios foram alimentados por falsos rumores e especulações na internet sobre a identidade do suspeito e algumas versões divulgadas por “influenciadores” de extrema direita indicavam que o autor do crime era um solicitante de asilo muçulmano.
A polícia informou que o suspeito é um menino de 17 anos nascido no País de Gales, mas a imprensa britânica reportou que seus pais são ruandeses.
Embora não tão violentos como os distúrbios do fim de semana, a noite desta segunda-feira também teve incidentes.
Em Plymouth (sudoeste), a Sky News transmitiu imagens ao vivo de um confronto tenso entre militantes de extrema direita e contramanifestantes, separados por agentes da polícia dos dois lados de uma estrada.
A emissora também informou que um de seus veículos foi atacado por um homem armado com uma faca em Birmingham, onde uma multidão de muçulmanos se reuniu dizendo estar “preparados” para defender as ruas após os rumores de uma concentração de extrema direita.
Depois de assumir uma posição de rigidez nos últimos dias contra aqueles aos quais descreveu como “bandidos de extrema direita”, Starmer reuniu o gabinete de crise em sua residência de Downing Street, em Londres.
Starmer anunciou nesta segunda-feira que será criado um contingente permanente de policiais treinados para serem destacados em caso de novos distúrbios.
“Meu objetivo é garantir que acabemos com esses distúrbios”, declarou.
A violência representa um grande desafio para Starmer – um advogado de direitos humanos e ex-chefe do Ministério Público britânico – eleito há apenas um mês na vitória esmagadora dos Trabalhistas sobre os Conservadores.
Desde o ataque a faca da última segunda-feira em Southport, no noroeste de Inglaterra, os distúrbios e confrontos entre polícia, manifestantes e, por vezes, contra-manifestantes antirracistas se multiplicaram em inúmeras cidades britânicas, desde Liverpool, no noroeste, até Bristol, no sudoeste, passando por Leeds e Sunderland, na Inglaterra, ou Belfast, na Irlanda do Norte.
No domingo, estas manifestações, sob o lema “Já é demais” em referência à chegada ao Reino Unido de migrantes que atravessam o Canal da Mancha em embarcações infláveis, levaram a ataques contra dois hotéis que abrigam solicitantes de asilo.
Em Rotherham, no norte da Inglaterra, centenas de pessoas se concentraram, quebraram janelas, provocoram incêndios e lançaram projéteis contra agentes da polícia, enquanto outros gritavam lemas como “Expulsem-nos”.
O Reino Unido não vivenciava uma onda de violência como essa desde 2011, após a morte de Mark Duggan, um jovem miscigenado, por policiais no norte de Londres.
A polícia culpou especialmente a English Defence League (Liga de Defesa Inglesa), um grupo de extrema direita criado há 15 anos, cujas ações contra a imigração têm sido frequentemente marcadas por explosões sociais.
De forma mais ampla, alguns comentaristas e formuladores de políticas acreditam que o aumento da retórica anti-imigração entre os políticos britânicos legitimou os manifestantes.
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