A pregadora Karla Cordeiro, conhecida como Kakau, de 41 anos, faltou ao depoimento marcado para esta terça-feira (3), na delegacia de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio. As informações são do jornal O Globo.

Kakau gerou revolta após aparecer em um vídeo em uma pregação na Igreja Sara Nossa Terra, no qual faz declarações racistas e homofóbicas, ao dizer que “é um absurdo pessoas cristãs levantando bandeiras políticas, bandeiras de pessoas pretas, bandeiras de LGBTQIA+”.

“É uma vergonha, desculpa falar, mas chega de mentiras, eu não vou viver de mentiras. É uma vergonha. Para de querer ficar postando coisa de gente preta, de gay, para! Posta palavra de Deus que transforma vidas. Vira crente, se transforma, se converta!”, diz a pregadora.

O delegado titular da 151ª DP, Henrique Pessoa, disse que há um “teor claramente racista e homofóbico, o que configura transgressão típica na forma do artigo 20 da Lei 7716/87”.

Segundo o delegado, a pena para o crime pode ser de 3 a 5 anos, “com circunstâncias qualificadoras por ter sido feita em mídias sociais e através da imprensa”. De acordo com Pessoa, “já foi instaurado inquérito policial pelo crime de intolerância racial e homofóbica, de acordo com a recente previsão do STF”.

Pessoa diz que o advogado de Kakau solicitou o adiamento de seu depoimento com a justificativa de que a pregadora estaria na cidade do Rio de Janeiro na data marcada. Segundo o delegado, o pedido foi deferido “para que não aleguem perseguição”, e o depoimento foi remarcado para quinta-feira (5).

Em seu Instagram, a pregadora publicou uma nota de retratação na noite desta segunda (2), na qual diz que foi “infeliz nas palavras escolhidas”, e afirma não possuir “nenhum tipo de preconceito contra pessoas de outras raças”, inclusive por seu pastor ser negro, e nem contra pessoas com orientações sexuais diferentes da sua, “pois sou próxima de várias pessoas que fazem parte do movimento LGBTQIA+”.