O domingo de Dia das Mães será de luto na favela do Jacarezinho, após a operação policial mais letal da história do estado, que deixou 28 mortos. O UOL entrou em contato com a mãe de Marlon Santana, 23 anos, morto na operação, para falar sobre o episódio.

“Meu filho me ligou às 8h e eu perguntei onde ele estava, para gente ir para lá ajudar. Tinha muito jovem sendo coagido, e a gente ia para lá, as mães, para poder tirar e levarem eles presos. Mãe nenhuma cria filho para ser bandido, eu não criei. Quando meu filho foi para se entregar, no Beco do Caboclo, junto com outros, mataram todo mundo. Foi a hora que meu filho parou de falar comigo”, afirmou.

“Eu fui até lá, tinha quatro coagidos. Falaram que meu filho estava na casa. Fiquei no beco esperando meu filho sair, mas ele não saiu. Meu filho não vai voltar mais. Isso não foi operação, foi uma chacina. Isso vai ficar impune? Essas mães todas chorando vai ficar impune? A gente não cria filho pra ser bandido, não”, continuou.

Na sequência, ela comenta sobre a operação: “Nunca vi uma operação dessas. Isso não foi uma operação, foi assassinato. Podiam ter levado preso. E eu ouvi os policiais dizerem que 20 mães chorando era pouco, que tinha que se f* e chorar mais, chorar mais mães ainda”.

Por fim, ela lamenta a morte do filho: “Eu não vou comemorar mais Dia das Mães, Natal. Minha vida acabou. Eu preferia ser morta, mas enterrar um filho… Eu preferia morrer. Não foi uma operação, foi uma chacina”.